Com Bolsonaro e Guedes, juros foram de 6,50% ao ano para 13,75%

Brasil lidera o ranking mundial dos maiores juros reais – a taxa básica de um
país, descontada a inflação esperada para os próximos doze meses.
No dia 12 de dezembro de 2018, o Comitê de Política Monetária (Copom) do
Banco Central se reuniu pela última vez sob o governo Michel Temer – que se
preparava para passar a faixa presidencial para Jair Bolsonaro. A reunião
confirmou a expectativa do mercado e manteve a taxa básica de juros, a Selic,
em 6,50% ao ano. Fazia nove meses que os juros permaneciam nesse patamar.
Prestes a assumir o Ministério da Economia, o fanfarrão Paulo Guedes zombava
dos tecnocratas do Copom e de toda a equipe econômica de Temer. “A pergunta
é: vocês acham que está bom do jeito que está, com crescimento baixo,
desemprego?”, dizia o economista. Qual a saída? “Em vez de combater a inflação
só com juros na Lua, fazer a parte fiscal com juro baixo”, receitava o “Posto
Ipiranga” de Bolsonaro.
Passados quatro anos – e muitas reuniões do Copom –, a Selic que o Bolsonaro e
Guedes entregam é mais do que o dobro da taxa que seu governo recebeu. Na
quarta-feira (7), pela quarta reunião seguida, o Copom deixou os juros em
estratosféricos 13,75%. Ainda assim, a estimativa de inflação para o ano está
acima da meta do governo, o que põe em xeque a premissa de que juros altos
são indispensáveis para combater a alta generalizada de preços.
De 6,5% no início do governo, a Selic começou a cair em julho de 2019 e chegou
a 2% em agosto de 2020. A partir de março de 2021, porém, a taxa básica voltou
a subir. No final do ano passado, já estava em 9,25%. Em 2022, cresceu mais 4,5
pontos percentuais e foi a 13,75%.
Conforme registrou o Vermelho, “esse estouro coincidiu com o período pós-
sanção, em 24 de fevereiro de 2021, da Lei da Independência do Banco Central,
que transformou o BC num órgão desvinculado do Poder Público – um ‘supra
órgão’. Alheio à conjuntura política e às agruras do povo brasileiro, o BC, por
meio do Copom, reforçou ainda mais seu compromisso com o setor rentista”.
Além de não combater a inflação, os juros em alta endividou ainda mais o Brasil.
Cada ponto percentual a mais na Selic eleva a dívida pública bruta, por ano, em
R$ 32,2 bilhões.
Desmoralizados, Bolsonaro e Guedes deixaram o País em primeiro lugar no
ranking mundial dos maiores juros reais – a taxa básica de um país, descontada a
inflação esperada para os próximos doze meses. Segundo levantamento da
Infinity Asset Management, o Brasil lidera o ranking com um índice de 8,16% de
juros reais, bem à frente do segundo colocado, o México (5,39%), e do terceiro, o
Chile (4,66%). Em alguns países, os juros reais chegam a ser negativos.

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