Consignado do Auxílio Brasil é uso eleitoral explícito da máquina pública

A Caixa Econômica liberou R$ 1,8 bilhão em empréstimos consignados a
700 mil beneficiários do Auxílio Brasil e do Benefício de Prestação

Continuada (BPC)

Fila para receber o Auxílio Brasil (Foto: Reprodução)
Na iminência de perder a eleição para Lula no próximo dia 30, Bolsonaro
não demonstra constrangimento em usar a máquina pública a seu favor.
Em apenas uma semana, a Caixa Econômica Federal (CEF) liberou R$
1,8 bilhão em empréstimos consignados a 700 mil beneficiários do
Auxílio Brasil e do Benefício de Prestação Continuada (BPC).
A pedido do subprocurador Lucas Furtado, o Ministério Público junto ao
Tribunal de Contas União (TCU) solicitou a suspensão do crédito. O MP
vê indícios de desvios de finalidade na modalidade.

O subprocurador diz que é preciso conhecer e avaliar os procedimentos
adotados pela Caixa para a concessão de empréstimos, de “modo a
impedir sua utilização com finalidade meramente eleitoral e em
detrimento das finalidades vinculadas do banco, relativas à proteção da
segurança nacional ou ao atendimento de relevante interesse coletivo”.

Para ele, há riscos de danos à sustentabilidade financeira da Caixa. Por
isso, Furtado pediu, liminarmente, que novos empréstimos sejam
bloqueados até que a instituição, que é 100% estatal, esclareça o plano
de negócios para o setor.
Especialista também consideram que essa manobra eleitoral pode jogar
milhares de brasileiros em situação de vulnerabilidade social e financeira.
Um dos primeiros a alerta sobre o problema, o economista Eduardo
Moreira previu que os bancos iriam faturar muito em cima dos brasileiros
mais fragilizados, que usam o dinheiro para comprar itens básicos de
sobrevivência.
Além disso, ele alertou para o fato de essa modalidade de crédito elevar
o endividamento dessa parcela da população, uma vez que o auxílio tem
data para acabar.
“Considerando o beneficiário do Auxílio Brasil. Eu recebo R$ 2.000 dá
aquela sensação de euforia, mas só que daqui para frente eu já não
recebo os R$ 600, né? Eu recebo 440. Lá na frente, recebo R$ 240 do
que seria R$ 400. Então você tá trocando uma euforia inicial por um
drama mais à frente do ponto de vista do das suas obrigações, porque
não tem saída”, explicou o economista e diretor do Reconta Aí, Sérgio
Mendonça.

Idec
O estrago já vem sendo feito. O Instituto de Defesa do Consumidor
(Idec), por exemplo, identificou mais de 2 mil reclamações de
consumidores sobre ofertas abusivas de crédito consignado a
beneficiários do Auxílio Brasil.
“Entre os dias 11 e 17/10, nossa equipe fez um mapeamento em redes
sociais, canais de YouTube e também em canais oficiais e encontrou
cerca de 2 mil reclamações de diferentes consumidores a respeito da
oferta do consignado. Algumas queixas bem graves, que envolvem
assédio de bancos e também venda casada”, informou o Idec.

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