Enfermagem mostrou, nesta quarta, que unidade e mobilização garantem direitos

Sindicalista diz que a mobilização está aquecida, nas ruas e nas redes, e
vai servir para alavancar outras reivindicações, além do piso salarial

As mobilizações e paralisações de enfermeiros e outros profissionais de
saúde, nesta quarta-feira (21), superaram as expectativas e deram gás à
luta pelo piso salarial da categoria. Esta é a opinião da secretária-geral
do Sindicato dos Enfermeiros do Estado de São Paulo, Solange
Caetano, no final da noite de mobilização.
Profissionais da área da Saúde de várias cidades protestaram contra a
suspensão do piso salarial da enfermagem, sancionado em agosto, que
estabelece o valor mínimo a ser pago para enfermeiros, técnicos e
auxiliares de enfermagem e parteiras como remuneração por suas
atividades. O piso salarial de enfermeiros foi fixado em R$ 4.750.
No dia 15 de setembro, o plenário do STF manteve uma decisão do
ministro Luís Roberto Barroso que suspendeu a lei. A suspensão vale até
que sejam analisados os impactos da medida na qualidade dos serviços
de saúde e no orçamento de municípios e estados. As empresas alegam
que não têm condições de bancar o salário e também ameaçam com
demissão em massa e redução da oferta de leitos.
Leia também:  Enfermagem realiza paralisação nacional de 24 horas,
nesta quarta

Belo Horizonte. Foto Lyvia Prais Sind-Saúde
Engajamento não vai parar mais

A sindicalista disse ao Portal Vermelho que o clima nas manifestações
era de desabafo e revolta pelo que a categoria considerou um

“disparate”, uma vez que uma lei aprovada após toda sua tramitação,
tem que ser aplicada. “Foram 60 anos de espera por um piso salarial e
ninguém vai tirar essas conquista da gente”, expressou ela.
Os próximos dias vão avaliar a movimentação no Congresso, que corre
para resolver o impasse com o STF. Na próxima semana, o Fórum
Nacional da Enfermagem deve ser reunir para definir próximos passos. A
noite tem sido de assembleias em todo o país, onde localidades que não
conseguiram paralisar, estão organizando outros tipos de atos para
manter a pressão política.
“Acho que a categoria gostou desse negócio de mobilização. Aprendeu
que quando está unida e mobilizada consegue avançar muito mais.
Tanto que, depois que resolvermos esse problema do piso, vamos pautar
outras reivindicações históricas da categoria, como a jornada de 30
horas, a aposentadoria especial e a sala de descompressão, por
exemplo”, declarou.

Paralisação da Enfermagem no Congresso Nacional Foto: @feeeferreira
Leia também:  Cresce mobilização para reverter decisão que suspendeu
piso da enfermagem
Solidariedade e sensibilização

As manifestações ocuparam as ruas de capitais, mas também de cidades
do interior, inclusive em localidades onde os salários superavam o piso,
como demonstração de solidariedade. Solange diz, inclusive, que não
foram apenas os enfermeiros que se manifestaram, mas outras
categorias da saúde, sindicatos de servidores públicos municipais,
estaduais, e federais. Houve também muitos registros de interrupção
parcial de atividades de unidades de saúde.
No Distrito Federal, a Secretaria de Saúde disse que 30% dos serviços
funcionaram, conforme acordado com o sindicato. Apesar disso, houve
liminares judiciais considerando a mobilização abusiva, a pedido de
entidades representativas de hospitais.
Pouco antes das 10h, uma multidão se reuniu em frente ao Museu
Nacional da República e seguiu em marcha pela Esplanada dos
Ministérios. Marcharam até o Congresso Nacional, mas foram impedidos
de se aproximar do prédio do STF. Em seguida, o grupo conseguiu se
posicionar na Praça dos Três Poderes, e continuou o ato em frente à
sede da Corte por alguns minutos.

Solange disse que a mobilização deve sensibilizar o STF para aprovar a
lei do piso no mérito e aceitar os mecanismos de custeio propostos. “Mas
também esperamos pressionar o governo para reajustar a tabela SUS,
que ajuda muito os hospitais conveniados e filantrópicos”, mencionou.
Para ela, toda essa movimentação do governo e do Congresso para
resolver o impasse está relacionada com o período eleitoral, também.
Além de ser uma das maiores categorias de trabalhadores, a
enfermagem já mostrou que está mobilizada. “Mesmo que não tivesse
muita gente na rua, o engajamento da enfermagem nas redes, cobrando
os deputados, senadores e ministros, tem sido enorme”, acrescenta ela.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *