Entidades do setor produtivo consideram tímido corte da Selic

Para CNI, redução de apenas 0,5 ponto é “injustificável”
O corte de meio ponto percentual na taxa Selic (juros básicos da economia)
recebeu críticas das entidades do setor produtivo. Segundo representantes da
indústria e as centrais sindicais, os juros continuam altos, travando a economia e
encarecendo o crédito.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) classificou de “injustificável” a
decisão desta quarta-feira (31) do Comitê de Política Monetária (Copom). Em
nota, o presidente da entidade, Ricardo Alban, o Banco Central deve ter maior
compreensão da realidade brasileira. Ele pediu mais ousadia no ritmo de queda
da taxa Selic para diminuir significativamente o custo financeiro das empresas.
“É necessário e desejável maior agressividade do Copom para que ocorra uma
redução mais significativa do custo financeiro suportado por empresas, que se
acumula ao longo das cadeias produtivas, e consumidores. Sem essa mudança
urgente de postura, seguiremos penalizando não só a economia brasileira, mas,
principalmente os brasileiros, com menos emprego e renda”, criticou Alban. Antes
da reunião do Copom, a CNI tinha soltado nota pedindo um corte de 0,75 ponto
percentual.
Segundo a CNI, as expectativas para a inflação em 2024 estão abaixo do teto da
meta, e o câmbio pode contribuir para controlar a inflação. O comunicado
lembrou que o dólar comercial caiu de R$ 5,40 no início de 2023 para R$ 4,90
neste ano.
A Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) emitiu
comunicado em que considera crucial a continuidade das reduções da taxa Selic
para a economia. No entanto, a entidade afirma que existe espaço para cortes
mais intensos.
“O retorno da inflação à meta em 2023 e a desaceleração do índice prévio de
janeiro têm provocado reduções nas expectativas inflacionárias, especialmente
para o ano de 2024. Os cortes mais acentuados dos juros também se justificam
pelos dados de curto prazo, que indicam um cenário de desaceleração da
atividade econômica”, avalia a Firjan.
Centrais sindicais
As centrais sindicais também criticaram a diminuição de 0,5 ponto, que
chamaram de tímido. A Confederação Única dos Trabalhadores (CUT) relacionou
os cortes na taxa Selic à queda do desemprego para 7,8%, divulgada nesta
quarta-feira (31) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em nota, a CUT pediu cortes mais agressivos. Para a central sindical, os juros
continuam altos e prejudicam medidas do governo para a recuperação da
economia. “Não tem como a Selic prosseguir nesses níveis. Como vamos
implementar um projeto de reindustrialização no Brasil, investir na saúde, em
obras do PAC, como o Estado irá conseguir somar dinheiro para tantas áreas
fundamentais, com os juros acima dos 10%?”, pondera a presidenta da
Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT),
Juvandia Moreira.
A Força Sindical tachou de “tímida e insuficiente” a queda de meio ponto
percentual na Selic. “Um pouco mais de ousadia traria enormes benefícios para o

setor produtivo, que gera emprego e renda e anseia há tempos por um
crescimento expressivo da economia. É um absurdo esta mesmice dos
tecnocratas do Banco Central”, destacou a nota da entidade.
“Juros em patamares estratosféricos sangram as riquezas do país, criam enormes
obstáculos ao desenvolvimento nacional e comprometem a geração de postos de
trabalho e os investimentos sociais. Insistimos que a manutenção dos juros em
patamares proibitivos trava a retomada do crescimento econômico”, afirmou em
nota o presidente da Força Sindical, Miguel Torres.

Fonte: Agência Brasil

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