Fala de Lula sobre CLT incentiva pseudoempreendedorismo, diz Neto

A recente declaração do presidente Lula, feita na última quinta-feira (07), sobre
os trabalhadores e a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) tem suscitado uma
série de reflexões e preocupações. Segundo Antônio Neto, presidente da Central
de Sindicatos Brasileiros (CSB), ao afirmar que os trabalhadores não desejam
mais estar vinculados à CLT, o presidente levanta questionamentos sobre o futuro
dos direitos trabalhistas no Brasil.
Neste contexto, é importante analisar o impacto dessa declaração no movimento
sindical e na luta pelos direitos dos trabalhadores.
Confira a íntegra da nota da CSB
Recebemos com perplexidade a fala do presidente Lula, na última quinta-feira
(07), que afirmou que os trabalhadores não querem mais ficar presos à
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
Se a intenção da fala é sinalizar para o mercado financeiro e os setores
conservadores, ela também sinaliza para o movimento sindical de forma muito
negativa. Esperamos que o presidente não esqueça que, enquanto o mercado
financeiro e os setores conservadores abraçavam o governo antidemocrático e
genocida, o movimento sindical e os trabalhadores garantiram a sua vitória nas
ruas do Brasil.
Generalizar que os trabalhadores não querem o trabalho formal digno, com
carteira assinada e valorizado, é reproduzir o discurso perpetuado nos últimos
anos que tão mal fez à classe trabalhadora: a falsa dicotomia de direitos versus
emprego. Tudo fica mais grave quando estamos às vésperas de uma decisão do
Supremo Tribunal Federal (STF) que pode dar legalidade à informalidade irrestrita
e enfraquecer definitivamente a Justiça do Trabalho.
Se, hoje, uma parcela dos trabalhadores se sente prejudicada pela CLT, é
justamente pela omissão do Congresso e do governo que ainda não garantiram a
atualização da tabela de IRPF, não revogaram as maldades da Reforma
Trabalhista e mantêm uma jornada de trabalho de 44 horas há mais de 35 anos.
Ao reproduzir essa fala, mesmo que seja no caso dos trabalhadores em
aplicativos, o presidente vocaciona o discurso que incentiva um
pseudoempreendedorismo sem direitos, precário e indigno.
Reafirmamos o apoio ao projeto dos trabalhadores em aplicativos apresentado
nesta semana, mas seguimos comprometidos com o trabalho formal, com carteira
assinada e direitos, conforme o artigo 7° da Constituição Federal.
Antônio Neto, presidente da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB).

Fonte: Rede Brasil Atual

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