Governo Lula anuncia ações para reduzir espera por atendimento especializado

Em coletiva com Lula e Nísia Trindade, ministra anunciou, entre outras medidas, o programa Mais Acesso a Especialistas, o SUS Digital e a ampliação do horário das UBSs.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a ministra da Saúde, Nísia
Trindade lançaram, nesta segunda-feira (8), novas medidas para reduzir
o tempo de espera por atendimento, ampliar o acesso a especialistas e
melhorar o serviço à população no Sistema Único de Saúde (SUS).
Na ocasião, também foram feitos um balanço das ações já realizadas e
uma coletiva de imprensa. Além disso, como forma de incentivar a
população a se vacinar, Lula tomou o imunizante contra a gripe.
“Eu penso que a questão da saúde no Brasil precisa, sempre que
possível, que a ministra da Saúde se dirija ao povo — e hoje temos
mecanismos para isso. Muitas vezes, o povo precisa de orientação
porque o povo mais pobre, mais periférico, mais longínquo das capitais
sofre, uma vez que na periferia nem sempre se atende às necessidades
das pessoas”, declarou Lula.
Desde o início do mandato, o Centrão tem pressionado para que o
ministério seja ocupado por algum político representante desse
segmento fisiológico, de olho no alto orçamento e grande capilaridade da
pasta. Durante os novos anúncios, Lula elogiou a ministra em mais de
uma oportunidade, sinalizando a manutenção da titular. “Duvido que
alguém não acredite na Nísia”, declarou o presidente.
Em outro momento, salientou: “O Ministério da Saúde estava com 13 mil
médicos na área da saúde da família e passou para 25 mil, ou seja, é
simplesmente dobrar o número de médicos nesse país — em apenas um
ano, você (Nísia) conseguiu fazer isso. E o que é mais importante: 54%
são mulheres. Isso é extraordinário”.
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insumos na Saúde
Ao falar sobre os anúncios, a ministra afirmou: “O que estamos lançando
hoje é uma visão que une desde a unidade básica de saúde (UBS) até o
acesso a exames, consultas a especialistas e procedimentos que
precisem ser feitos”.
Nísia lembrou que “80% dos problemas podem ser resolvidos em UBSs”
e que o acompanhamento do paciente “continuará a ser feito tendo a
UBS como centro de todo o processo”. Segundo a ministra, tal
funcionamento tem como referência sistemas públicos de outros países,
como Reino Unido, Espanha e Canadá.
A ministra disse, ainda, que será feito um “monitoramento ativo das
ações” por meio de outra novidade, o SUS Digital. “Vamos avaliar esse

atendimento e trabalhar nesse modelo de forma integrada e com reforço
na visitação às casas das famílias. Nossa meta é alcançar 80% de
cobertura — mas, quero frisar aqui, com atendimento de qualidade”,
argumentou.
Sobre o Mais Acesso a Especialistas, um dos anúncios feitos no evento,
Nísia explicou que o programa “vem sendo trabalhado desde o ano
passado, na medida em que atuamos não só na redução das filas de
cirurgias, mas também habilitando serviços e orientando ações em todo
Brasil, como é o caso das policlínicas e do trabalho junto a toda a rede
de hospitais filantrópicos. Mas, além disso, tem todo o trabalho de
construção de como fazer com que essa rede atue junto com a rede
própria e privada a favor da população e em benefício do SUS”.
Ações anunciadas

Foto: Ricardo Stuckert

Uma das principais ações anunciadas pelo governo foi o programa Mais
Acesso a Especialistas, que vai ampliar a oferta de atendimento por meio
de, entre outras medidas, a telessaúde — sistema de prestação de
serviços à distância — via SUS Digital.
Segundo o Ministério da Saúde, o novo programa vai permitir um
diagnóstico mais ágil e o tratamento adequado. O ponto inicial de
atendimento continua sendo os postos de saúde.
O objetivo do novo modelo é concentrar a atenção no paciente e em
suas necessidades, reduzindo a quantidade de lugares que ele precisa ir
e integrando exames, consultas e acompanhamento da saúde durante o
processo.
As Equipes de Saúde da Família terão o cadastro de pacientes revisado,
criando vínculo com eles e fazendo um acompanhamento territorial,
focado nas particularidades de cada região do país.
Para viabilizar essas ações, o Ministério da Saúde também lançou o
programa de telessaúde SUS Digital. De acordo com o governo, todos os
26 estados e o Distrito Federal, além de 5.566 municípios de um total de
5.570, já aderiram ao programa desde março, quando foi aberta a
chamada pública. Ao todo, serão destinados R$ 460 milhões aos entes
federados, divididos segundo critérios que visam reduzir iniquidades.
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taxa em 28 anos
Por meio dos núcleos de telessaúde, especialistas farão consultas online
e análise de diagnósticos de médicos que atuam na Atenção Primária,
mais próxima da população. A iniciativa, argumenta o MS, “permite
reduzir as barreiras geográficas diante da dificuldade de levar
profissionais especializados às regiões remotas, e assegurar o acesso da
população a este atendimento”.
O SUS Digital terá, ainda, uma interface voltada aos médicos e usuários,
o Meu SUS Digital, pelo qual será possível monitorar o ciclo de cuidado,
bem como acessar serviços de saúde e informações, como o próprio
prontuário.
O governo informou que as funcionalidades do aplicativo estão sendo
aprimoradas, mas hoje já é possível emitir a carteira de vacinação
completa, o documento para retirada de absorventes pelo Farmácia
Popular e acompanhar em tempo real a fila de transplantes.
Também foi anunciado que as UBSs deverão ficar abertas até às 22h e
que a meta do governo é que, ate 2026, sejam criadas, por ano, 2.360

Equipes de Saúde da Família (ESF), 3.030 Equipes de Saúde Bucal e mil
multiprofissionais.
A previsão é chegar em 80% na cobertura. Em 2023, foram
implementadas, de acordo com a pasta, 2.198 ESFs no país, “número
que representa mais de 52% de aumento em relação aos últimos anos,
quando eram criadas em média 1.445 equipes. A expansão
correspondeu a 16% de consultas médicas e 29% de procedimentos
médicos a mais do que em 2022”.
Além disso, o governo está ampliando o número de agentes
comunitários. Ainda neste ano, a pasta abre inscrições para a segunda
turma com 180 mil vagas. Para facilitar a comunicação com esses
trabalhadores — que somam 360 mil no país —, o MS está lançando,
ainda, um novo canal de WhatsApp.
Balanço
Ao falar das ações viabilizadas em 2023, o Ministério da Saúde
destacou, entre outras, a realização de 665 mil cirurgias a mais do que
vinha sendo feito, possibilitando 4,2 milhões de cirurgias eletivas no total,
um aumento de 19% em relação a 2022. Para este ano, a meta é que
seja feito um milhão a mais.
Ainda de acordo com o MS, em 2023 foi repassado R$ 1,3 bilhão para os
hospitais com tratamento do câncer no país. “Esse recurso é dez vezes
maior do que o repassado em 2022”, aponta.
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brasileiras
Além disso, destaca a pasta, 33 obras foram iniciadas no país para a
“instalação de aceleradores lineares, equipamentos com tecnologia de
ponta para radioterapia, priorizando regiões com desassistência de
atendimento. No ano passado, 25 equipamentos foram importados e
outros oito chegarão em 2024”.
Outro resultado anunciado foi o aumento de 13% no total de consultas
com especialistas – passando de 843,7 milhões em 2022 para 953,1
milhões em 2023 —, assim como o aumento de 13,3% no total de
exames diagnósticos, que somavam 1 bilhão em 2023 e agora totalizam
mais de 1,1 bilhão. “Essa é a maior produção do SUS registrada desde
2010 e o objetivo é que, com o novo ciclo de cuidado, esses números
continuem em crescimento”, diz o governo.
Quanto aos recursos do Novo PAC destinados à saúde, o MS destacou
que serão investidos R$ 31,5 bilhões em quatro anos, sendo que já em

2023 foram executados R$ 1,7 bilhão, voltados para a Atenção Primária,
a Atenção Especializada, a preparação para emergências em saúde, o
Complexo Industrial da Saúde e a telessaúde.

Fonte: Vermelho

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