Lava Jato omitiu diálogos de Lula para impedir sua posse na Casa Civil e derrubar Dilma

Os diálogos mantidos pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2016, quando ele
poderia ter sido ministro da Casa Civil, demonstram que sua intenção jamais foi se blindar
da Lava Jato – tese usada por Sergio Moro para vazar o grampo ilegal com a então
presidente Dilma Rousseff para a Globo. Lula pretendia apenas garantir a governabilidade
de Dilma – o que seria absolutamente lícito e normal. No entanto, tais diálogos foram
omitidos, justamente porque contrariavam a tese usada por Moro para manipular a opinião
pública. Com a divulgação apenas parcial dos áudios, a Lava Jato contribuiu para impedir a
posse de Lula como ministro, derrubar a presidente Dilma por meio de um impeachment
fraudulento e permitir a ascensão do neofascismo representado por Jair Bolsonaro. É este o
novo capítulo da Vaza Jato.
"Conversas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) gravadas pela Polícia Federal
em 2016 e mantidas em sigilo desde então enfraquecem a tese usada pelo hoje ministro
Sergio Moro para justificar a decisão mais controversa que ele tomou como juiz à frente da
Lava Jato", aponta a nova reportagem da Folha em parceria com o Intercept. "Outras
ligações interceptadas pela polícia naquele dia, mantidas em sigilo pelos investigadores,
punham em xeque a hipótese adotada na época por Moro, que deixou a magistratura para
assumir o Ministério da Justiça no governo Jair Bolsonaro (PSL)."
"Os diálogos, que incluem conversas de Lula com políticos, sindicalistas e o então vice-
presidente Michel Temer (MDB), revelam que o petista disse a diferentes interlocutores
naquele dia que relutou em aceitar o convite de Dilma para ser ministro e só o aceitou
após sofrer pressões de aliados. O ex-presidente só mencionou as investigações em curso
uma vez, para orientar um dos seus advogados a dizer aos jornalistas que o procurassem
que o único efeito da nomeação seria mudar seu caso de jurisdição, graças à garantia de
foro especial para ministros no Supremo", aponta ainda a reportagem.
O grampo ilegal de Moro foi divulgado pela Globo no dia 16 de março de 2016. Com base
nas conversas divulgadas pelo ex-juiz, o ministro Gilmar Mendes, do STF, anulou a posse
de Lula dois dias depois, em 18 de março. Com o aprofundamento da crise política, a
Câmara aprovou a abertura do processo de impeachment em abril e afastou Dilma do
cargo, lembra a reportagem.

Fonte: Brasil247

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *