Lula assume 3º mandato com “mensagem de esperança e reconstrução”

Eleito em outubro passado e diplomado em dezembro, Lula foi
formalmente empossado à tarde, ao lado de seu vice, Geraldo Alckmin,
em sessão do Congresso Nacional, na Câmara dos Deputados.

“Reconstruir o País e fazer de novo um Brasil de todos e para todos.”
Assim Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se comprometeu a governar o Brasil
a partir deste domingo (1/1), data em que inicia seu terceiro mandato
como presidente da República. Eleito em outubro passado e diplomado
em dezembro, Lula foi formalmente empossado à tarde, ao lado de seu
vice, Geraldo Alckmin (PSB), em sessão do Congresso Nacional, na
Câmara dos Deputados.
“Nossa mensagem ao Brasil é de esperança e reconstrução”, declarou
Lula, cuja gestão no Planalto sucederá o governo de destruição de Jair
Bolsonaro (PL). “O grande edifício de direitos, de soberania e de
desenvolvimento que essa nação levantou a partir de 1988 vinha sendo
sistematicamente demolido nos anos recentes. É para reerguer esse
edifício de direitos e valores nacionais que vamos dirigir todos os nossos
esforços.”
O discurso de posse do presidente teve diversas referências à
democracia. “Sob os ventos da redemocratização, dizíamos: ‘Ditadura
nunca mais!”. Hoje, depois do terrível desafio que superamos, devemos
dizer: ‘Democracia para sempre’”. A Constituição Federal de 1988
também foi reverenciada, sobretudo seu “amplo conjunto de direitos
sociais, individuais e coletivos, em benefício da população e da
soberania nacional”. Lula chegou a lembrar que foi deputado quando a
“Constituição Cidadã” foi promulgada.
“Renovo o juramento de fidelidade à Constituição da República, junto
com o vice-presidente Geraldo Alckmin e os ministros que conosco vão
trabalhar pelo Brasil”, frisou. “Se estamos aqui hoje, é graças à
consciência política da sociedade brasileira e à frente democrática que
formamos ao longo desta histórica campanha eleitoral. Foi a democracia
a grande vitoriosa nesta eleição.”
O novo presidente criticou duramente Bolsonaro e “a devastação”
imposta ao Brasil sob seu governo. Segundo Lula, “nunca os recursos do
Estado foram tão desvirtuados em proveito de um projeto autoritário de
poder”. O legado é o de “destruição de políticas públicas que promoviam
a cidadania, os direitos essenciais, a saúde e a educação”.
Lula assegurou que todos que cometeram crimes sob o governo
Bolsonaro – como a negligência no combate à pandemia de Covid-19 –
serão julgados e punidos. Para o petista, seu antecessor liderou uma
gestão “negacionista, obscurantista e insensível à vida. As
responsabilidades por este genocídio hão de ser apuradas e não devem
ficar impunes”.
Embora tenha agradecido ao Congresso pela aprovação da PEC do
Bolsa Família, Lula recordou que o Orçamento 2023 não dispõe, ainda,

de “recursos para a merenda escolar, a vacinação, a segurança pública,
a proteção às florestas, a assistência social”. Além de denunciar o
descompromisso de Bolsonaro, Lula prometeu revogar a “estupidez” do
Teto de Gastos para “recompor” os orçamentos de áreas sociais como a
Saúde e a Educação. “Este é o investimento que verdadeiramente levará
ao desenvolvimento do País.”
Lula, em contrapartida, renovou seu “compromisso com a
responsabilidade, a credibilidade e a previsibilidade”, evocando seus dois
mandatos presidenciais anteriores. “Foi com realismo orçamentário, fiscal
e monetário, buscando a estabilidade, controlando a inflação e
respeitando contratos, que governamos este país. Não podemos fazer
diferente. Teremos de fazer melhor.”
Em aceno à  delegação recorde de autoridades estrangeiras presentes à
cerimônia de posse , Lula sublinhou sua preocupação com a política
externa. “Os olhos do mundo estiveram voltados para o Brasil nestas
eleições. O mundo espera que o Brasil volte a ser um líder no
enfrentamento à crise climática e um exemplo de país social e
ambientalmente responsável.”
Conforme Lula, o “protagonismo” do Brasil “se concretizará pela
retomada da integração sul-americana a partir do Mercosul, da
revitalização da Unasul e demais instâncias de articulação soberana da
região”, além de um novo “diálogo altivo e ativo com os Estados Unidos,
a Comunidade Europeia, a China, os países do Oriente e outros atores
globais”.
“O Brasil tem de ser dono de si mesmo, dono de seu destino, tem de
voltar a ser um país soberano”, disse Lula. “Somos responsáveis pela
maior parte da Amazônia e por vastos biomas, grandes aquíferos, jazidas
de minérios, petróleo e fontes de energia limpa. Com soberania e
responsabilidade, seremos respeitados para compartilhar essa grandeza
com a humanidade – solidariamente, jamais com subordinação.
O fim do discurso foi em tom de mobilização democrática. A política,
segundo Lula, “é o melhor caminho para o diálogo entre interesses
divergentes, para a construção pacífica de consensos”. Eleito com mais
de 60 milhões de votos, Lula afirmou que governará o Brasil “com a força
do povo e as bênçãos de Deus”, a fim de “reconstruir este país”. E
concluiu: “Viva a democracia, viva o povo brasileiro”.

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