Lula discursa na abertura da Assembleia Geral da ONU nesta terça

Discurso deve criticar a governança global das Nações Unidas e
defender mais participação e representatividade dos países emergentes.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve defender a reforma no
Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas em seu
discurso de abertura na Assembleia Geral da ONU, nesta terça (19), em
Nova York.
Será a oitava vez em que Lula faz o pronunciamento. Em seus dois
primeiros mandatos, ele deixou de comparecer apenas em 2010.
Lula desembarcou em Nova York no sábado (16) após participar da
reunião de líderes do G77, grupo que reúne países em desenvolvimento,
em Havana (Cuba). Os presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur
Lira (PP-AL), e do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), fazem
parte da delegação brasileira.

Lula deve voltar ao púlpito da ONU com um discurso voltado a reforma
da governança global, na defesa de um maior comprometimento dos
países ricos com a pauta ambiental, além da tentativa de colocar em
marcha uma campanha mundial contra a desigualdade.
O eixo central da fala de Lula deve ser mesmo a crítica ao modelo atual
do sistema de governança da ONU, que permite que as potências
afastem o Sul Global das grandes decisões.
“Não faz sentido conclamar os países emergentes a contribuir para
resolver as crises múltiplas que o mundo enfrenta sem que suas
legítimas preocupações sejam atendidas e sem que estejam
adequadamente representados nos principais órgãos de governança
global”, afirmou o presidente, durante participação no G7, em maio.
“Sem a reforma do Conselho de Segurança, com a inclusão de novos
membros permanentes, a ONU não vai recuperar a eficácia, autoridade
política e moral para lidar com os conflitos e dilemas do século XXI. Um
mundo mais democrático na tomada de decisões que afetam a todos é a
melhor garantia de paz, de desenvolvimento sustentável, de direitos dos
mais vulneráveis e de proteção do planeta. Antes que seja tarde demais”,
completou.
Atualmente, o Conselho de Segurança tem duas categorias de membros:
os cinco países permanentes, que, entre outros poderes, podem usar o
direito de veto, bloqueando as decisões do grupo. Entre eles, China,
Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia. E os membros não
permanente, escolhidos em eleição na Assembleia Geral das Nações
Unidas.
Recentemente, o ministro das Relações Internacionais, Mauro Vieira,
disse que todo os membros do Brics estão alinhados com o pensamento
do governo brasileiro.
“Todo os países que fazem parte do Brics estão de acordo que a
governança mundial precisa ser reformada, sobretudo no Conselho de
Segurança das Nações Unidas, aumentando o número de membros
permanentes e não permanentes”.
Para o chanceler, os assentos no Conselho precisam ser mais
representativos. “Que seja mais representativo do mundo de hoje.
Precisamos adaptar e trazer um número maior de países, como a Índia,
Brasil, no mínimo dois países da África, onde está uma grande massa
populacional e que não tem voz neste órgão.
Meio ambiente e desigualdade

Lula também deve voltar a cobrar os países ricos pela promessa de US$
100 bilhões para financiar uma rede de proteção aos biomas ainda
preservados pelo mundo e que contribuem de forma decisiva para o
equilíbrio climático.
Recentemente, na Cúpula da Amazônia, em Belém (PA), Lula disse que
o montante prometido já não é mais suficiente. “Desde a COP 15, o
compromisso dos países desenvolvidos de mobilizar US$ 100 bilhões por
ano em financiamento climático novo e adicional nunca foi implementado.
Esse montante já não corresponde às necessidades atuais. A demanda
por mitigação, adaptação e perdas e danos só cresce”, disse.
“Recursos não faltam. Ano passado, o mundo gastou US$ 2,24 trilhões
em armas. Essa montanha de dinheiro poderia estar sendo canalizada
para o desenvolvimento sustentável e a ação climática”, completou.
O brasileiro também deve provocar as nações unidas por uma campanha
contra desigualdade. Na Cúpula do G20, no começo de setembro, em
Nova Déli (Índia), Lula discursou contra a fome e criticou o modelo
capitalista. “A crença de que o crescimento econômico, por si só,
reduziria as disparidades se provou falsa. Os recursos não chegaram às
mãos dos mais vulneráveis”, disse Lula.
“Apesar de todos os esforços, nossa família está cada vez mais
desunida. O que nos divide tem nome: é a desigualdade, e ela não para
de crescer”, afirmou. Lula contextualizou que, há dois séculos, a renda
dos mais ricos era 18 vezes maior do que a dos mais pobres. “Hoje, em
plena quarta revolução industrial, a renda dos mais ricos é 38 vezes a
dos mais pobres”, lamentou.
Fonte: Vermelho

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