Reforma da Previdência foi muito dura com trabalhadores, dizem debatedores

A Comissão de Direitos Humanos (CDH) debateu nesta quinta-feira (24) a
aprovação da reforma da Previdência (PEC 6/2019), que aguarda promulgação
pelas mesas da Câmara e do Senado. Para assessores parlamentares que
auxiliaram senadores e deputados da oposição na análise da proposta, o texto é
muito duro com os trabalhadores, vai causar empobrecimento da população e não
resolverá os problemas do sistema.
— Os bilhões economizados vão sair do couro do trabalhador — afirmou Marcos
Rogério, assessor da Liderança do PT no Senado.
O presidente da CDH, senador Paulo Paim (PT-RS), e a senadora Zenaide Maia
(Pros-RN) compararam as mudanças na Previdência brasileira ao que ocorreu
com o sistema do Chile na década de 1980. Segundo eles, só agora é possível
identificar as consequências das alterações promovidas naquela época: o
empobrecimento geral e o desalento de idosos e aposentados.
Se o governo não se atentar, opinaram os parlamentares, algo semelhante pode
acontecer no Brasil. Caso percebam que não há sustento, saúde e educação, os
brasileiros não temerão ir para a luta para garantir o mínimo, a exemplo do que
está ocorrendo no Chile e em outros países da América Latina.
— Não tirem de um povo a certeza que ele tem de que vale a pena viver, não
façam um povo acreditar que não tem nada a perder — aconselhou Zenaide.
O Chile enfrenta um ambiente conflagrado. De acordo com fontes oficiais, 18
manifestantes morreram desde o início dos protestos desencadeados pelo
aumento da tarifa do metrô em Santiago. O presidente Sebastián Piñera chegou a
pedir perdão pela retirada de direitos sociais, trabalhistas e previdenciários no
passado, o que levou o país ao caos, explicou Paulo Paim.
— Tudo começa a aparecer de forma mais clara, com efeitos das reformas feitas
no Chile antes, e o Brasil segue esse mesmo receituário — lamentou.
O senador Jaques Wagner (PT-BA) lembrou que o Brasil voltou a figurar entre os
três países em que mais há concentração de renda no mundo, com cerca de 6
milhões de pessoas de volta à extrema pobreza.
— Todos os que defendemos um país mais social amanhecemos mais tristes, com
a aprovação da PEC. Mas em respeito a quem nos elegeu não vamos jogar a
toalha, abandonar a batalha — disse.
(Mais informações: Senado)

Fonte: Agência Senado

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