Relatório aprovado penaliza mais pobres e ignora pontos críticos das Centrais

O novo texto da reforma da Previdência, aprovado na madrugada da sexta (9),
prejudicará, principalmente, os trabalhadores de baixa renda, que não
conseguirão arcar com as novas regras previstas para se aposentar. É o que
afirma o economista Clóvis Scherer, do Departamento Intersindical de Estatística
e Estudos Socioeconômicos.
Ele alerta sobre o documento com os 15 pontos críticos que as Centrais
apresentaram ao relator e que não estão contemplados no parecer: “Foram
totalmente ignorados”, diz. Para Scherer, o texto que irá a plenário agravou as
mudanças na Previdência: “A reforma elevou a idade mínima e reduziu o valor
dos benefícios. Temos aí riscos sociais bastante graves, subestimados pelo
Congresso.”
Impacto – A reforma vai piorar a crise. “Nos primeiros anos o impacto será
menor, mas a tendência é a transferência de renda se alterar negativamente. O
caráter recessivo é flagrante. Vamos ter uma queda de demanda, não
conseguiremos crescer. É muito questionável aquilo que o governo está
afirmando sobre crescimento econômico”, afirma.
Diap – Para o jornalista Antônio Augusto de Queiroz (Toninho), diretor licenciado
do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar, será difícil reverter
esse quadro no plenário da Câmara. Ele afirma: "O governo liberou emendas
parlamentares, lançou pautas de interesse da oposição para dividir suas energias
e enfraqueceu financeiramente as entidades que poderiam resistir. Esses ataques
simultâneos favoreceram o resultado."
Ele defende uma ação efetiva para informar as bases parlamentares. "O governo
passou para a opinião pública a falsa ideia de que as contas da Previdência estão
combalidas e tem gente desinformada apoiando essa tese", explica.
Agenda – A votação da matéria em plenário está prevista para a próxima
semana, na quarta (10). Os debates devem se iniciar na terça (9). São
necessários 308 votos para aprovar o texto. "A intenção do governo é concluir os
dois turnos da votação na Câmara até o dia 18. Para isso, teria de aprovar a
quebra de uma norma interna – a obrigatoriedade da matéria passar por mais
cinco sessões na Comissão Especial", afirma o jornalista e analista político Marcos
Verlaine.
Segundo Verlaine, o governo tem maioria para aprovar esta mudança na norma.
“Se isso ocorrer, a proposta voltará a ser debatida, em agosto, no Senado”,
afirma.

Fonte: Agência Sindical

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