A lamentável mente de parte dos empresários – Artur Bueno de Camargo

O jornal A Folha de S.Paulo de domingo (21) mostrou a posição de alguns
empresários claramente insensíveis às questões que envolvem direitos sociais e
trabalhistas. Ou esta gente não se importa com a vida das pessoas, ou ignora a
realidade em que vivemos, consequência dos governos Temer e Bolsonaro.
Dizer que estão preocupados que o presidente Lula reveja reforma trabalhista e
previdenciária, feitas pelos governos anteriores, posicionando-se de que Lula não
reveja o passado para trabalhar apenas com o futuro, é muita insensibilidade.
É impressionante como criticam o atual governo Lula, dizendo que o presidente
não está tendo a mesma habilidade que antes para negociar com o Congresso e
outros segmentos da sociedade organizada, mas se esquecem que nem bem
tomou posse e o governo teve a turbulência do 8 de janeiro, quando vândalos
terroristas, motivados pelo governo Bolsonaro a um golpe de estado, invadiram
Brasília com sanha destrutiva. E sobrou para o governo consertar antes de poder
começar a trabalhar!
Essa parcela dos empresários não fala da política de destruição de matas e dos
indígenas adotada pelo governo anterior, que criou, inclusive, um ambiente
negativo nas relações internacionais para o país. Dizer que é um desajuste rever
o que foi feito no passado, independente de imperfeições, só pode ser porque
está muito bom para eles – e a sociedade que trabalha e constrói a riqueza do
país, não tem a menor importância.
Interessante, também, que abordam a pandemia, um fator que proporcionou
momento delicado, mas não falam sobre a péssima condução do ex-presidente
Bolsonaro na proteção da saúde da sociedade. Foi o ex-presidente que pregou e
fez propaganda enganosa de medicamentos, se omitiu na compra da vacinas e
desmotivou a vacinação.
Esses empresários reconhecem que os governos anteriores do PT foram
responsáveis por iniciativas importantes do ponto de vista social; que devem ser
preservadas, mas dizem também que as transformações econômicas de outros
governos também devem ser preservadas, mas, ora, desde que não sejam
iniciativas que favoreçam os mais ricos em detrimento dos direitos da classe
trabalhadora, de direitos sociais conquistados.
Para finalizar quero dizer a essa parcela de empresários que lamento
profundamente este tipo de visão que só protege o capitalismo e não resulta, a
médio e longo prazos, em benefício para a sociedade. Políticas equivocadas que
foram implementadas devem ser revistas, sim. Se não houver um equilíbrio entre
o capital, o trabalho, o trabalhador e a sociedade não haverá futuro para esse
país.
Não pensem apenas em vocês, empresários. Sozinhos, vocês não fazem nada.

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