Dia nacional de mobilização vai pedir a prisão de Bolsonaro

Movimentos sociais e sindicais convocam atos no país para 24 de março, em defesa de que o ex-presidente responda pelos crimes que cometeu. “A esquerda precisa se organizar e responder ao ato de Bolsonaro”, afirma cientista político.

As Frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular decidiram convocar um dia nacional
de mobilização pela prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro. Em reunião conjunta,
as organizações acertaram atos pelo país para o próximo dia 24 de março.
Participaram do encontro diversas entidades, incluindo UNE, CUT, MTST, MST,
MNU, CMP, MMM, além das legendas PT, Psol e PCdoB. A mobilização visa a não
deixar a guarda baixa diante de ameaças à democracia. “A esquerda precisa se
organizar e responder ao ato de Bolsonaro”, afirma o professor da Fundação
Escola de Sociologia e Política (Fespsp) Aldo Fornazieri.
Fornazieri participou nesta segunda-feira (26) do programa Onze News, do
jornalista Gustavo Conde, na TVT. O cientista político argumenta que “é fator
preocupante” a ausência de atos de rua de movimentos progressistas. Então, ele
comentou que se trata de uma reação necessária à extrema direita. “O
bolsonarismo, a extrema direita, tem ainda grande capacidade de convocação nas
ruas. Parece que a esquerda meio que perdeu as ruas desde 2015, 2016”, disse.
Bolsonarismo encurralado
Muito disso, sustenta ele, ocorre porque o bolsonarismo está encurralado — o
envolvimento do ex-presidente com atos golpistas, além de escândalos de
corrupção envolvendo desvio de joias de países árabes. Por isso, Fornazieri afirma
que o ato de ontem foi “defensivo”. “Mas, por outro lado, foi um ato ofensivo do
ponto de vista político, porque ele teve capacidade de mobilização, de agitação.
Teve a inserção mais próxima com a bancada evangélica”, completou.
Atos de resposta
Assim, a decisão de fazer um ato de resposta em defesa da prisão de Bolsonaro
surge em meio às mais recentes revelações sobre um suposto plano golpista
envolvendo o ex-presidente e ex-membros da alta cúpula de seu governo.
Também estão na mira da PF generais e ex-comandantes das Forças Armadas. As
possíveis condenações do ex-presidente e de oficiais de alta patente,
consideradas inéditas, podem ter impacto significativo na conjuntura política do
país.
As organizações presentes na reunião das frentes enfatizaram a importância de
ocupar as ruas para pressionar pela punição dos envolvidos no suposto golpe.
Apesar de reconhecerem o papel fundamental do Supremo Tribunal Federal (STF)
e da Polícia Federal na defesa da democracia, a esquerda entende que não pode
apenas observar as ações das instituições, especialmente diante da convocação
por Bolsonaro da manifestação em sua defesa (referindo-se ao ato de ontem, na
Avenida Paulista).
Seminário conjunto
Os movimentos sociais ratificaram o calendário aprovado no seminário das
Frentes realizado no início de fevereiro, intensificando as mobilizações para o Dia
Internacional de Luta das Mulheres (8 de março) e as ações por justiça para
Marielle Franco. Além disso, definiram o 24 de março como uma data nacional de
mobilização, coincidindo com os 60 anos do golpe, como forma de destacar a
defesa da democracia.
Também está prevista a divulgação de manifesto em defesa da democracia,
buscando amplo apoio que não se restrinja aos espectros políticos de esquerda,

em iniciativa similar à Carta aos brasileiros e às brasileiras, em defesa do Estado
democrático de direito, lida na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo
(USP) em 2022.

Fonte: Rede Brasil Atual

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