“Empresários bancaram atos antidemocráticos”, dizem procuradores

Segundo o procurador-geral de Justiça de SP, Mário Sarrubbo “são
empresários que são financiadores”; “há uma grande organização

criminosa com funções predefinidas”

O ministro Alexandre de Moraes em reunião com os procuradores-gerais de
Justiça de SP, SC e ES | Foto: Alejandro Zambrana/Secom/TSE
Ao que tudo indica os atos antidemocráticos que tomaram conta do país
após o segundo turno das eleições contam com o financiamento de
empresários. Inconformados com a derrota de Bolsonaro nas urnas,
apoiadores do presidente foram as ruas na última semana e, em ações
coordenadas pelo gabinete bolsonarista nas redes sociais, bloquearam
estradas e convocaram “greve geral”.
É o que apontam as investigações estaduais feitas por procuradores-
gerais da Justiça de São Paulo, Santa Catarina e Espírito Santo e
repassadas ao ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE
(Tribunal Superior Eleitoral), em reunião na manhã desta terça-feira (8)
no tribunal.
Segundo apuração do portal Uol, Mário Sarrubbo, procurador-geral de
Justiça de São Paulo, disse que foi detectada a atuação de empresários
e até de prefeituras na organização dos bloqueios de estradas e atos em
quartéis das Forças Armadas. Por ser uma apuração em andamento,
Sarrubbo disse que não daria o número de investigados no caso.
“São empresários que são financiadores, nós já temos alguns nomes,
mas que não podemos relevar, que estão sendo investigados”, disse.
Segundo ele, “há uma grande organização criminosa com funções
predefinidas. Financiadores, arrecadadores, tem várias mensagens com
número de Pix e tudo mais para que as pessoas possam abastecer
financeiramente. E a partir daí nós temos que estabelecer quem exercia
qual função. Tem a função financeira, a alimentação. Em São Paulo, a
gente percebe ônibus de prefeituras transportando pessoas. Tudo isso
está sendo objeto de investigação”.

Em vídeo divulgado pelo Uol, Sarrubbo diz que a preocupação maior
agora é o “fluxo financeiro que está proporcionando bloqueios de
estradas e avenidas” e que o encontro com Moraes serviu para a troca
de investigações sobre o caso. Assista aqui.
Luciana Andrade, procuradora-geral de Justiça do Espírito Santo,
também afirmou que a atuação dos empresários envolve ainda a criação
de “listas” para impedir consumidores e empresários de utilizarem
determinados produtos ou serviços no Estado.
“A gente tem percebido um movimento também de empresariado que é
criar uma lista de pessoas e empresários cujos consumidores não
deveriam consumir ali produtos ou serviços. Estão criando embaraço à
livre iniciativa do comércio, algo que não víamos há muitos e muitos
anos”, disse.
Moraes tem acompanhado os atos de perto e, ainda nesta segunda (7),
deu 48 horas para que as forças policiais estaduais e federais enviassem
todas as informações obtidas sobre possíveis líderes, organizadores e
financiadores dos atos. Ele também cobrou os dados de identificação dos
caminhões e veículos que participaram ativamente dos bloqueios nas
estradas e nas manifestações nos quartéis assim como os dados dos
respectivos proprietários, pessoas físicas ou jurídicas.
Prisões e Multas
Desde o início das manifestações bolsonaristas, em 30 de outubro, até o
final da manhã desta terça (8), a PRF efetuou 65 prisões e aplicou 7.325
multas a motoristas que bloqueiam as rodovias federais em todo o país,
somando R$ 18,6 milhões em infrações de trânsito, após nove dias de
atos.
De acordo com a PRF, na manhã desta terça, ainda restavam três
pontos de bloqueio e três interdições, em vias do Paraná e do Mato
Grosso, mesmo após o STF (Supremo Tribunal Federal) determinar a
liberação das vias. Ao todo, 1.077 manifestações foram desfeitas,
segundo a corporação.

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