Financiadores do garimpo ilegal na terra Yanomami estão na mira da PF

Humberto Freire, delegado da PF, destacou que quem financia e faz
lavagem do lucro obtido criminosamente com o garimpo ilegal tem

“responsabilidade muito maior”

Garimpo ilegal na TI Yanomami. Foto: Relatório Yanomami sob Ataque
A Polícia Federal reafirmou, nesta quarta-feira (8), que vai retirar todos
os garimpeiros ilegais da Terra Indígena Yanomami, além de investigar
os financiadores do negócio para estancar esse tipo de atividade,
responsável pela crise humanitária e pela violência às quais os indígenas
foram submetidos.
Além de a PF estar investigando o crime de genocídio, a corporação
apura, ainda, os esquemas de lavagem de dinheiro e crimes correlatos, o
que inclui fraudes em contratos públicos na área da saúde indígena.
“As pessoas serão punidas na medida de sua culpabilidade. As pessoas
que financiam, as pessoas que fazem lavagem daquele lucro auferido
criminosamente com a retirada desse minério, elas têm uma
responsabilidade muito maior. E isso está sendo investigado dentro dos
inquéritos que foram instaurados pela PF”, disse, à Agência Brasil, o
delegado Humberto Freire, que está à frente dos inquéritos.
A transição da fase focada na assistência humanitária e fechamento do
espaço aéreo na TI Yanomami para a fase policial e coercitiva, foi
anunciada na segunda-feira (6) pelo ministro da Justiça e Segurança
Pública, Flávio Dino. Conforme anunciado na ocasião, a expectativa é de
que até o fim desta semana, 80% das 15 mil pessoas envolvidas com
garimpo ilegal na região já tenham deixado o local.
Leia também:  Garimpeiros fogem, mas ministério teme novas invasões
Na terça-feira (7), operação envolvendo Ibama, Fundação Nacional dos
Povos Indígenas (Funai) e Força Nacional de Segurança Pública destruiu
um helicóptero, um avião, um trator de esteira e estruturas que serviam
de apoio logístico aos garimpeiros.
Além disso, foi instalada uma base de controle no rio Uraricoera para
bloquear a passagem de barcos com combustível e equipamentos com
destino aos garimpeiros. O material apreendido será usado para
abastecer a base de controle.  As operações de combate ao garimpo
ilegal tiveram início no dia 1º, com o fechamento do espaço aéreo pela
Força Aérea Brasileira.
Também nesta semana, a PF foi ao território para apurar denúncia —
feita por Júnior Yanomami, presidente do Condisi (Conselho Distrital de
Saúde Indígena) dos Yanomami e Ye’kuana — que três indígenas teriam
sido mortos por garimpeiros no local.
Na TI Yanomami vivem cerca de 30 mil pessoas dessa etnia. A área tem
sido alvo preferencial do avanço do garimpo ilegal, que aumentou

sobremaneira durante o mandato de Jair Bolsonaro.  Somente em 2022, o
avanço foi de 54% . Mesmo ciente da situação de penúria e medo vivida
pelos yanomami, o antigo governo não tomou as medidas necessárias
para coibir o garimpo ilegal e garantir condições dignas de vida aos
indígenas.

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