Jerônimo Rodrigues, o governador que quer combater a fome na Bahia

Programa Bahia sem Fome arrecada 705 toneladas de alimentos e ajuda
a reduzir a insegurança alimentar na população baiana.

O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues
Prestes a completar seis meses à frente do governo da Bahia, Jerônimo
Rodrigues (PT), quer que sua gestão seja lembrada pelo combate
implacável à fome. Quem o acompanha tem a impressão de que, em
qualquer discurso, pronunciamento ou entrevista, o governador tenta (e
consegue) falar sobre a principal vitrine do mandato – o programa Bahia
sem Fome.
Foi assim em sua participação no 9º Encontro Sindical Nacional do
PCdoB, no último dia 16 de junho, em Salvador (BA). Em meio a opiniões
sobre os rumos do governo Lula e elogios aos vínculos entre PT e
PCdoB, Jerônimo lamentou o avanço da fome na Bahia e no mundo,
sobretudo após a pandemia de Covid-19 e o governo Jair Bolsonaro.
“Milhões de pessoas, a este horário da noite, não comeram nada. Só na
Bahia, há 1,8 milhão de pessoas nessa situação, e eles serão a
prioridade da nossa gestão”, declarou. O número foi levantado pela Rede
Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e
Nutricional (Rede PENSSAN), que contabiliza 1,8 milhão de baianos
vivendo com insegurança alimentar grave.
O Bahia sem Fome, lançado pelo governo Jerônimo, é o maior programa
social na história do estado e articula uma ampla rede de produção,
abastecimento, distribuição e regulação de alimentos. Para arrecadar
produtos, há desde estímulo à agricultura familiar até doações de médias
e grandes empresas. “Temos inclusive empresários que não votaram em
mim nem no Lula e estão doando alimentos”, diz Jerônimo em entrevista
ao Vermelho.
Já a distribuição mobiliza entidades dos movimentos sociais, ONGs,
igrejas e outros parceiros. “A gente não entrega o alimento. A gente faz a
relação com o movimento sindical, com associações, com igrejas,
terreiros – e são essas entidades que pegam e entregam os alimentos,
em um ato público”, explica. “Esperamos que a gente possa continuar
botando comida na mesa de quem precisa.”

Governador participou do 9º Encontro Sindical Nacional do PCdoB, em
Salvador
Ao Vermelho, Jerônimo também falou sobre investimentos, indústrias e
empregos. Segundo o IBGE, no primeiro trimestre de 2023, a Bahia era o
estado com a maior taxa de desocupação no País – 14,4% dos
trabalhadores baianos estão desempregados. Em abril, o governador
integrou a comitiva do governo Lula que foi à China em busca de
parcerias. Um dos projetos é acelerar a retomada do polo industrial de
Camaçari, que, em 2021, foi ao colapso com o fechamento da fábrica da
Ford.

Confira a entrevista:

Vermelho: Em que estágio estão os investimentos da China na
Bahia após sua viagem a Pequim? O que está mais avançado?
Jerônimo Rodrigues: A Bahia já tinha uma relação com a China. A nossa
Central de Inteligência de Câmeras, por exemplo, tem toda a tecnologia
chinesa, com a Huawei. Em dimensão menor, a China tem investimentos
aqui em energia solar e eólica. Mas a ida neste momento à China com o
presidente Lula nos ajudou a ampliar bastante esses investimentos. O
governo passado atrapalhava muito as negociações com os estados.
Agora, o quadro é outro.
Temos a possibilidade da vinda já agora de uma indústria de automóveis
elétricos, a BYD, onde era a Ford, em Camaçari. Estamos viabilizando a
maior ponte da América Latina, uma ponte de 13 quilômetros, ligando
Salvador a Itaparica. Temos, ainda, investimentos tanto na área de
portos quanto de aeroportos.

Vermelho: Há também a perspectiva de investimentos em energia
renovável, não?
JR: Há uma expectativa muito grande na ampliação da área de energia
renovável, eólica, solar e hidrogênio verde. Estamos agora catalisando
nossa ida à China. Já tivemos reuniões de desdobramento posteriores,
inclusive com a embaixada chinesa. Passamos nos Emirados
Árabes (após a viagem a China) – e o embaixador deles também já veio
aqui com a ideia de produção de diesel verde. Estamos correndo atrás,
aproveitando o sinal do Lula.
Vermelho: Seus discursos têm dado ênfase ao combate à fome. O
site do programa Bahia sem Fome fala em centenas de toneladas de
alimentos arrecadados e doados. Qual é a meta do governo?
JR: A fome e a pobreza se combatem com emprego e trabalho, com
dinheiro no bolso. Mas, enquanto isso não acontece, não dá para esperar
as pessoas passarem fome. Por isso, fizemos um programa chamado
Bahia sem Fome. Estamos chegando a 700 toneladas de alimentos
recolhidos. [Nota da Redação: até este sábado (24), o programa havia
arrecadado 705 toneladas de alimentos]
Muitas empresas estão participando. Temos inclusive empresários que
não votaram em mim nem no Lula e estão doando alimentos. A gente
não entrega o alimento. A gente faz a relação com o movimento sindical,
com associações, com igrejas, com terreiros – e são essas entidades
que pegam e entregam os alimentos, em um ato público. Estão
publicizados os dados, mas estamos chegando a 700 toneladas. E
esperamos que a gente possa continuar botando comida na mesa de
quem precisa.
Vermelho: Esta será a marca do seu governo?
JR: A marca inicial é o combate à fome, não temos outra. Quem tem
fome não trabalha, não sonha, não tem expectativa. Não dá para
imaginar outra coisa. São quase 2 milhões de pessoas.
Vermelho: E como investir na geração de emprego e renda para
impedir que esse número cresça e mais pessoas comecem a passar
fome?
JR: Sim, temos de cuidar também dessas pessoas que não podem
perder o emprego, das que não têm emprego. É preciso manter as
empresas na Bahia, preservar os empregos que nós temos e, ao mesmo
tempo, ampliá-los. É o que estamos fazendo aqui com a Setre
(Secretaria Estadual do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte).
O governo tem se empenhado em capitanear esse processo e buscar
alternativas para novas empresas e indústrias. Vamos fortalecer o que já
fazemos aqui com a economia solidária e com a agricultura familiar.

Temos um potencial muito forte para continuar ampliando. Agora, com os
investimentos do governo federal, muita coisa vai mudar.

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