Lula e Macron anunciam plano de investimento bilionário para a Amazônia

Brasileiro afirmou que vai continuar demarcando áreas indígenas e reservas florestais, apesar da oposição do agronegócio no Congresso.

Em um encontro histórico realizado nesta terça-feira em Belém, o
presidente francês, Emmanuel Macron, e o presidente brasileiro, Luiz
Inácio Lula da Silva, lançaram um ambicioso plano para arrecadar mais
de R$ 5 bilhões destinados a projetos de economia sustentável na
Amazônia Legal e na Guiana Francesa. Esta iniciativa conjunta visa
promover o desenvolvimento econômico da região, ao mesmo tempo em
que se compromete a preservar sua rica biodiversidade.

O anúncio foi feito como parte de uma agenda internacional liderada por
ambos os líderes em preparação para a COP-30 do clima, que
acontecerá em Belém em 2025. O investimento planejado será
distribuído ao longo dos próximos quatro anos e contará com a
colaboração de bancos públicos brasileiros e da Agência Francesa de
Desenvolvimento, além de investimentos do setor privado.
Durante sua visita à Amazônia, Macron enfatizou o compromisso da
França em apoiar a causa indígena e destacou a importância de
preservar a Floresta Amazônica diante das crescentes ameaças. Em um
gesto simbólico, o presidente francês condecorou o cacique Raoni
Metuktire, líder do povo Caiapó, com a mais alta distinção francesa, a
Legião de Honra.
Apesar do momento histórico, o encontro também teve seus momentos
de descontração, como quando Lula se confundiu e trocou o nome de
Macron pelo do ex-presidente francês Nicolas Sarkozy. No entanto, a
troca não diminuiu a importância do compromisso conjunto de ambos os
líderes em prol da preservação da Amazônia.
O plano de investimento bilionário inclui diversos componentes-chave,
como o diálogo entre as administrações francesa e brasileira sobre os
desafios da bioeconomia, parcerias entre bancos públicos brasileiros e a
Agência Francesa de Desenvolvimento, e a criação de um hub de
pesquisa e investimento para impulsionar a economia sustentável na
região.
Além disso, os governos brasileiro e francês se comprometeram a
promover um mercado de carbono eficaz, capaz de remunerar os países
florestais que investem na preservação e restauração de suas florestas.
Esta iniciativa visa incentivar o financiamento de projetos ambientais e
sociais nos países que mais contribuem para a proteção da
biodiversidade.
Demarcação de terras indígenas
Durante a cerimônia na comunidade indígena em Belém (PA), Lula
reafirmou o compromisso do governo brasileiro com a demarcação de
terras indígenas e a proteção ambiental na Amazônia. O presidente
enfatizou que a extensão atual de 14% do território nacional destinada a
essas comunidades ainda é insuficiente. Ele confrontou as críticas dos
conservadores brasileiros, que frequentemente argumentam que os
indígenas já possuem terras em excesso, afirmando que o governo
seguirá demarcando áreas indígenas e reservas florestais.

“É por isso que o governo que mais demarcou terras indígenas nesse
país vai continuar demarcando terras indígenas e parques de reservas
florestais”, afirmou o presidente.
A disputa em torno das demarcações é um ponto de divergência entre o
ex-presidente e o setor do agronegócio, que exerce forte influência no
Congresso. No entanto, Lula reiterou seu compromisso em liderar a
agenda ambiental e a redução do desmatamento, ressaltando que o
Brasil busca tornar a Amazônia um destino internacional de pesquisas e
riqueza em biodiversidade, em vez de um santuário intocável.
O presidente disse a Macron que o Brasil quer liderar a agenda
ambiental e a redução do desmatamento, mas que precisará da ajuda
“dos países que já derrubaram suas florestas”.
Durante a cerimônia na Ilha do Combu, Raoni fez um apelo emocionado
a Lula, pedindo que o Brasil não permita a conclusão das obras da
Ferrogrão, uma ferrovia controversa que enfrenta resistência de
comunidades indígenas e ambientalistas devido aos seus possíveis
impactos na região, mas é considerada estratégica para o escoamento
da produção do Centro-Oeste.
Em seu discurso, o líder indígena expressou preocupação com o futuro
das próximas gerações e pediu que Lula e Macron o ajudem a receber o
Prêmio Nobel da Paz, em reconhecimento ao seu trabalho pela
preservação ambiental e defesa dos direitos dos povos indígenas.
Macron, por sua vez, agradeceu a honraria concedida a Raoni e reiterou
o compromisso da França com a proteção da biodiversidade e a
cooperação internacional em questões ambientais.

Fonte: Vermelho

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