Lula: “esta é uma reunião dos divergentes para vencer os antagônicos”

Em encontro com ex-ministros de FHC e ex-secretários de Alckmin, Lula
e participantes destacam papel da frente ampla para vencer Bolsonaro

no primeiro turno e reconstruir o país

Um encontro de forte sinalização política pela frente ampla em apoio à
chapa Lula-Alckmin aconteceu nesta terça-feira (27) em São Paulo. Ex-
ministros de Fernando Henrique Cardoso e ex-secretários do então
governador Geraldo Alckmin, entre outras lideranças de destaque da
sociedade civil, formalizaram apoio ao ex-presidente reforçando a
necessidade de que sua eleição aconteça ainda no primeiro turno.

Primeiro convidado a falar, o economista André Lara Rezende, que fez
parte do governo de FHC, declarou: “Essa frente é da maior importância
neste momento, é uma tentativa de o Brasil voltar à normalidade
democrática”. Além disso, defendei a “a eleição imediata para que
possamos passar a pensar logo no futuro e não continuar por mais
algumas semanas penosas de uma campanha agressiva e raivosa no
país”.
O ex-senador tucano Aloysio Nunes Ferreira afirmou que o encontro “traz
pessoas que representam, cada uma em sua atividade, o que foi feito de
melhor no Brasil desde a constituinte”. Após listar uma série de políticas
públicas criadas nos mandatos do PT e do PSDB, afirmou que os vários
partidos ajudaram a  construir “um patrimônio comum do povo brasileiro;
e temos hoje uma ameaça ao fundamento desse patrimônio comum, que
é a democracia, e a ele mesmo por alguém que representa a antítese de
tudo isso”.
Por outro lado, enfatizou, “temos a candidatura de Lula e Alckmin, que
traz esperança e segurança de que esse tempo sombrio vai passar”. Ele
também reforçou que a vitória “tem de ser já, não vamos deixar essa
pessoa ferida de morte, nas convulsões finais, mas com a caneta na mão
podendo criar grandes transtornos e precisamos, por outro lado, começar
desde já, desde o dia 2, a trabalhar pensando em construir o futuro”.

O ex-embaixador Rubens Ricupero destacou que se Tancredo Neves
estivesse vivo, “certamente estaria aqui com a gente porque ele
representava esse espírito de ampla aliança nacional”. Ele fez um apelo
pela refundação da Nova República, “ferida de morte por esse governo
que agoniza”.
A ex-secretária de estado Cláudia Costin salientou a importância de
haver um compromisso com a educação para a democracia e para os
direitos humanos. “Sem isso, não construiremos um país mais justo”,
disse.
Paulo Sérgio Pinheiro apontou que a eleição de Lula e Alckmin “tem o
significado de reconstruir os direitos humanos na sociedade” e completou
dizendo que o atual governo “pôs abaixo tudo o que foi construído” e
“tratou a sociedade civil como inimiga”.
Bresser Pereira rememorou o papel de Franco Montoro, Tancredo,
Ulisses Guimarães e Mário Covas na luta pela democracia e destacou:
“estamos com o povo, que precisa dramaticamente de apoio”.

Também estiveram presentes, entre outros: José Carlos Dias, Celso
Amorim, Luiz Gonzaga Belluzzo, Marcio Elias Rosa, João Carlos
Meireles, Marcos Belizário, Paulo Sérgio Pinheiro, Eduardo Moreira,
Gabriel Chalita, Heloisa Arruda, Silvio Torres, Pedro Tobias, Floriano
Pesaro, Fábio Feldmann, Helio Silva, Marcos Vinicius Petrelluzzi,
Eduardo Viola, Rui Falcão, José Luiz, Penna e Alexandre Schneider.
Chapa da esperança

Ao falar durante o encontro, o ex-governador e candidato a vice-
presidente Geraldo Alckmin (PSB), um dos responsáveis pela articulação
da reunião, classificou o encontro como “histórico” e lembrou que assim
como agora, “no período da ditadura, também estávamos do mesmo
lado, da democracia e do povo”. Ele destacou a necessidade dessa
união para a reconstrução do país e completou: “não é possível ter um
governo que combata as instituições permanentemente”.

Alckmin também salientou ainda que “ganhar no primeiro turno é bom
para o Brasil, para a economia, para o social”. O ex-governador paulista
elogiou Lula por sua forte liderança popular e pelo “dom da proximidade
com o povo”.
Ao encerrar o ato, Lula lembrou que a aliança com Alckmin se deve
muito a Gabriel Chalita e Fernando Haddad. Após relatar como se
formou a parceria, brincou: “e ainda enriquecemos a culinária brasileiro
oferecendo a receita de uma nova comida: lula com chuchu”. Lula

destacou que a aliança foi “a coisa mais acertada que fizemos” e
recordou o papel estratégico de José Alencar como seu vice em 2002.
“Nossa relação com o PSDB”, disse, “sempre teve altos e baixos, mas
quando as pessoas falam de polarização como está acontecendo hoje,
eu costumo dizer que feliz era o Brasil quando a polarização era entre PT
e PSDB. Porque havia debates, divergências, mas ninguém era inimigo”.
Ao falar da disputa atual, pontuou: “Vamos ganhar de Bolsonaro, mas o
bolsonarismo vai continuar existindo e precisamos derrotá-lo no debate
político, na discussão sadia”.
Na sequência, Lula declarou que “quando a gente foi inteligente e soube
se juntar, a gente ganhou as coisas”, lembrando das duas eleições de
Mário Covas com a participação do PT e de Marta Suplicy com apoio do
PSDB . E salientou que nunca encarou o PSDB como inimigo, mas sim
como adversário.

A democracia, afirmou, “não é um pacto de silêncio, não é ficar de
cabeça baixa concordando com todo mundo. A democracia é a
sociedade fazendo barulho, reivindicando, fazendo marcha, porque se
não, o governo não se mexe”. Lula salientou que o país tem “uma
Constituição poderosa” e que a constituinte foi “o melhor momento
histórico do Congresso pela pressão da sociedade”.
Lula voltou a criticar o orçamento secreto e novamente defendeu
derrubar os sigilos de 100 anos estabelecidos por Bolsonaro, se colocou
contrário ao teto de gastos e disse que vai reconquistar o protagonismo

do Brasil no cenário internacional. O ex-presidente disse, ainda, que “a
fome não pode esperar, ela é feia” e “vamos cuidar disso”.
O ex-presidente salientou, por fim, que governar “significa tomar decisão,
significa escolher um lado para quem quer fazer e normalmente, na
história desse país, sempre se escolheu o lado de quem não precisa do
Estado e quem precisa fica sempre na expectativa”.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *