Vazamento de mensagens entre Moro e procurador da Lava Jato repercute na CAE

A troca de mensagens por um aplicativo entre o então juiz Sergio Moro — atual
ministro da Justiça e Segurança Pública — e o procurador da República Deltan
Dellagnol, reveladas no domingo (9) pelo site de notícias The Intercept,
repercutiram nesta terça-feira (11) em reunião da Comissão de Assuntos
Econômicos (CAE) do Senado.
Alguns senadores afirmam que os diálogos evidenciariam indevida coordenação
de esforços na Operação Lava Jato. Outros consideram que é preciso investigar
como ocorreram os vazamentos.
Para o senador Otto Alencar (PSD-BA), Sergio Moro não pode continuar no cargo
de ministro da Justiça.
— Na minha opinião, o ministro da Justiça não pode mais continuar ministro, a
não ser que ele coloque, acima de tudo, a necessidade de ter um emprego e jogar
por terra, como já jogou, toda sua história de magistrado, que nós todos
pensávamos isento e imparcial, o que, pelas últimas informações e notícias dadas
como corretas e sérias, não corresponde à realidade. Houve, claro, uma
concordância, uma intenção de se orientar o Ministério Público na condução da
denúncia para a prisão do ex-presidente Lula. Eu não tenho a menor dúvida disso
— disse.
Já Alessandro Vieira (Cidadania-SE) avalia que o vazamento indica que está em
curso um ataque orquestrado contra a Operação Lava Jato.
— Uma organização criminosa, provavelmente contratada por alguém interessado
em prejudicar investigações, está em ação no Brasil. Nós temos uma quadrilha
fazendo monitoramento, infiltração e “hackeamento” de aparelhos smartphones,
celulares de autoridades: ministros, juízes, desembargadores, procuradores da
República e, quem sabe, senadores. Então, a gente não pode fechar os olhos para
o que está acontecendo no Brasil: uma ação criminosa, orquestrada, que não é
barata, que não é simples, e que está atacando fortemente o sistema de Justiça
brasileiro — afirmou.
Na segunda-feira (10), a publicação de mensagens foi comentada por diversos
senadores em pronunciamentos no Plenário ou pelas redes sociais. No mesmo
dia, o senador Angelo Coronel (PSD-BA) apresentou requerimentos para que o
ministro Sergio Moro e o procurador Deltan Dallagnol falem sobre o caso à
Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ). Ele informou que iniciaria a
coleta de assinaturas para a criação de uma CPI.

Fonte: Agência Senado

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