Venezuela fecha espaço aéreo para a Argentina em meio a tensões políticas

Medida ocorre após EUA terem confiscado avião venezuelano com apoio da Argentina. Confisco de avião ocorre apesar de falta de provas de irregularidades. Argentina tem prejuízo em rotas comerciais para México e EUA.

As relações já tensas entre Venezuela e Argentina atingiram um novo
patamar de conflito, com a Venezuela anunciando o fechamento de seu
espaço aéreo para aeronaves com origem ou destino na Argentina. Esta
medida, efetiva desde a terça-feira (12), é vista como uma resposta
direta a uma ação anterior de Buenos Aires.
O conflito teve início em 12 de fevereiro, quando a Argentina entregou
aos Estados Unidos um avião venezuelano que havia sido retido meses
antes, sob alegações de violações das sanções impostas por
Washington.
De acordo com o ministro das Relações Exteriores venezuelano, Yván
Gil, a medida foi tomada até que a empresa estatal Emtrasur seja
“recompensada pelos danos” ocasionados pela apreensão de um Boeing

747 da companhia pelos Estados Unidos em cooperação com o governo
argentino.
O governo de Nicolás Maduro denunciou a ação como um “roubo” e
protestou veementemente contra a entrega do avião aos EUA. As
tensões aumentaram ainda mais quando os EUA acusaram a Mahan Air,
empresa iraniana que havia vendido o avião para a Venezuela, de
financiar a Força Quds, uma elite da Guarda Revolucionária do Irã.
Recalculando a rota
Em resposta ao ocorrido, a Venezuela decidiu fechar seu espaço aéreo
para a Argentina, afetando principalmente rotas comerciais para destinos
turísticos populares. O porta-voz da Casa Rosada, Manuel Ardoni,
mencionou o caso durante o anúncio da medida, destacando o suposto
vínculo do avião com a Guarda Revolucionária Islâmica do Irã. Ele fez
uma reclamação formal na Organização das Nações Unidas (ONU) pelas
medidas tomadas pela Venezuela.
Yván Gil defendeu a decisão em uma declaração na rede social X, antigo
Twitter, afirmando que a Venezuela exerce plena soberania em seu
espaço aéreo e que nenhuma aeronave proveniente ou com destino à
Argentina poderá sobrevoar o território venezuelano até que a empresa
seja devidamente compensada pelos danos causados.
As trocas de acusações entre os dois países continuaram, com Manuel
Adorni, porta-voz do presidente argentino Javier Milei, descrevendo o
governo venezuelano como um regime liderado por um ditador e
acusando-o de tentar extorquir a Argentina.
Desde a ascensão de Javier Milei à presidência argentina, as relações
entre os dois países têm sido marcadas por tensões frequentes, com
trocas de insultos e acusações mútuas. Em janeiro, Milei chamou Maduro
de “socialista empobrecedor”, enquanto Maduro descreveu Milei como
um “erro histórico” na política argentina.
Diante desse cenário de crescente hostilidade, o futuro das relações
diplomáticas entre Venezuela e Argentina permanece incerto, com
ambos os lados parecendo cada vez mais distantes de uma resolução
pacífica para suas diferenças.
Motivos esfarrapados
A aeronave em questão, um Boeing 747 de carga, pertencia à Emtrasur,
filial da companhia aérea estatal venezuelana Conviasa. Após uma
ordem judicial, o avião foi retido em Buenos Aires em junho de 2022,
quando transportava um carregamento de peças automotivas do México.

Precisando de combustível, a tripulação tentou ir para o Uruguai, mas
teve o pouso negado no país.
A tripulação, composta por 19 pessoas, foi inicialmente detida, mas
posteriormente liberada por falta de provas. O primeiro argumento para
a apreensão da aeronave foi que os cinco iranianos integrantes da
tripulação do avião haviam participado de um atentado ao prédio da
Associação Mutual Israelita Argentina que ocorreu em Buenos Aires, em
1994, e matou 85 pessoas. Eles ficaram presos em um hotel próximo ao
aeroporto de Ezeiza. A acusação não se comprovou e eles foram
liberados com os outros 14 tripulantes.
Outro motivo alegado para a retenção da aeronave é porque o Boeing
747 foi fabricado nos EUA, vendido para a França, revendido ao Irã e
depois à Venezuela. Os estadunidenses não reconhecem a venda do Irã
para a Venezuela por serem dois países sancionados e entendem que
essa transação seria uma forma de driblar as sanções.
A aeronave, no entanto, está regularizada junto à Associação
Internacional de Aviação Civil. O governo venezuelano afirma que a
presença de iranianos na aeronave se deu pela transferência de
tecnologia, já que o país não tinha um avião desse porte.

Fonte: Vermelho

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