A sindicalistas das Américas, Lula fala em união continental e pacto por democracia e direitos

Segundo o presidente brasileiro, informalidade e exploração cresceram no atual

mundo do trabalho. Ele criticou empresas de aplicativos

Em encontro com sindicalistas das Américas, nesta quarta-feira (1º), no Palácio
do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva falou em mobilização conjunta
entre os países do continente e em pacto para garantir a democracia e pela
recuperação de direitos sociais. O que não exclui, afirmou, respeito a todos os
setores. “Temos que ter um compromisso. Preferencialmente a gente vai
governar para o povo mais pobre, para o povo trabalhador, para o povo mais
necessitado”, disse Lula. Também estava presente o ex-presidente uruguaio Pepe
Mujica.
“As fábricas já não têm a quantidade de trabalhadores que tinham, o trabalho
informal ocupa espaço do formal e as empresas de aplicativos exploram os
trabalhadores como jamais foram explorados”, afirmou Lula aos sindicalistas das
Américas. Segundo ele, cabe aos dirigentes sindicais procurar saídas para garantir
seguridade social, direito que os trabalhadores vêm perdendo no mundo. Hoje, o
iFood anunciou 355 demissões no Brasil.
No início da cerimônia, Fred Redmond, dirigente da AFL-CIO (central sindical dos
Estados Unidos), destacou a visita do presidente brasileiro àquele país no mês
passado. Segundo ele, isso demonstra prioridades do governo. Redmond também
se disse otimista com o trabalho conjunto entre Lula e Joe Biden, a quem chamou
de “amigo” do movimento sindical.
Ao mesmo tempo, ele apontou a existência de desafios como democracias em
crise, direitos subtraídos e limitações à negociação coletiva. “O maior risco à
democracia é quando os trabalhadores são ignorados e não têm voz”, afirmou o
representante da AFL-CIO.
Contradições são preferíveis
Secretário-geral da Central Sindical das Américas (CSA), o brasileiro Rafael Freire
destacou a importância da presença de governos progressistas para a defesa da
democracia. “Preferimos mil vezes as possíveis contradições de um governo de
esquerda e progressista do que as certezas de um governo de direita”, afirmou.
Segundo ele, é preciso “colocar o trabalho no centro do modelo” econômico. “Se o
Estado pode socorrer os bancos e as empresas, por que não pode socorrer os
trabalhadores?” Ele entregou a Lula e ao ministro Luiz Marinho (Trabalho e
Emprego) proposta da entidade para um código do trabalho na América Latina e
Caribe.
Lula e Mujica enfatizaram a defesa da união entre países da região, de esquerda
ou direita. O ex-presidente uruguaio afirmou que os países latino-americanos têm
6% a 7% da população mundial, mas 30% das vítimas do covid-19. “Não houve
união entre países do continente. Não pudemos trabalhar com unidade, e
precisamos ter consciência das nossas fraquezas. E nunca mais cometer esse erro
de não ter coragem de nos unirmos para nos defender.”
Países estão mais pobres
Já Lula lembrou que o mundo do trabalho, hoje, tem pessoas expostas à
informalidade e à exploração. Ele citou o caso dos trabalhadores em aplicativos –
o governo brasileiro criou um grupo para discutir regulação do setor, a fim de
garantir direitos mínimos aos entregadores e motoristas.

O presidente brasileiro falou ainda em “reconstruir” entidades como a Unasul e a
Celac, que reúne países das Américas. Defendeu mobilização conjunta para “um
mínimo de unidade” na região. “Nós não somos inimigos. Temos trabalhar de
forma conjunta. Hoje, nós estamos mais pobres do que estávamos 10 anos atrás.
Parece que no nosso continente nós nascemos para retroceder e não para
avançar”, lamentou. “Eu sou um latino-americano, acredito na construção de uma
grande nação, de uma América Latina sem fronteiras.” Ao lembrar que no Brasil o
governo anterior não recebia os movimentos sociais, Lula afirmou que o objetivo
é “reconstruir a democracia plena, com o povo participando das decisões”.

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