Copom se reúne para definir Selic sob pressão contra juros altos

Anúncio sobre a taxa básica de juros será na quarta com expectativa de
manutenção em 13,75% em meio às críticas feitas no 1º de maio; Tebet
e Gleise se posicionam.

Começou nesta terça-feira (2) a reunião do Comitê de Política Monetária
(Copom) do Banco Central (BC) para a definição sobre a taxa básica de
juros, a Selic. A reunião acontece até quarta-feira (3), quando será
anunciada a decisão sobre o rumo da taxa, que está em 13,75% ao ano.
Embora o governo federal e diversas entidades setoriais tenham se
manifestado publicamente pela redução da taxa, o esperado é que os

membros do Copom liderados pelo presidente do BC, Roberto Campos
Neto, mantenham os juros no atual valor.
Este alto patamar da Selic tem prejudicado a concessão de crédito e
afetado os investimentos, o que tem gerado descontentamento não só no
governo Lula, que tem trabalhado para reconstruir o Brasil e para isso
visa fomentar a geração de emprego e crescimento econômico. Os
líderes do setor industrial, representados nas federações estaduais, tem
reiteradamente feito críticas aos juros altos, pois contribuem para a
desaceleração da economia.

Esta será a terceira reunião do ano do Copom e pode ser a sexta reunião
consecutiva em que a taxa é mantida em 13,75%, nível alcançado em
agosto de 2022.
“Só atrapalha o país”
Em entrevista ao Valor, a ministra do Planejamento e Orçamento,
Simone Tebet, justificou o apelo pela redução da Selic ao reforçar que o
novo marco fiscal irá controlar os gastos públicos e estabilizar a dívida
nacional. Fora isso, com a reforma tributária, o PIB brasileiro pode
crescer 20% em 15 anos, a partir de 2025.
Segundo Tebet, com estas ações do governo e estas estimativas, o
Copom não teria motivos para não iniciar um ciclo de redução da taxa
básica de juros.
No Twitter, a presidenta do PT e deputada federal, Gleise Hoffmann,
lamentou que a expectativa seja pela manutenção dos juros: “Expectativa
do mercado é de que o Copom vai amanhã manter a taxa Selic nesse
patamar absurdo apesar de vários índices apontarem para um cenário
econômico positivo. Com essa posição política, contestada por muitos
economistas, BC só atrapalha o país”.
Críticas no 1º de maior
Durante o evento do  1º de maio, realizado em São Paulo (SP), pelas
Centrais Sindicais,  o presidente Lula disse que a taxa de juros “não
controla a inflação, ela controla o desemprego”.
Nesse sentido, Lula ressaltou a  volta do aumento real do salário mínimo
acima da inflação  como forma de retomar o rumo do crescimento
econômico, ao contrário do que a alta taxa de juros tem permitido, ao
frear o crédito e o fomento à indústria.

“Daqui pra frente, o trabalhador receberá, além da inflação, a média do
crescimento do PIB. Quando o salário mínimo aumenta, quem ganha não
é só o trabalhador que ganha o mínimo. Porque o trabalhador, tendo
mais dinheiro, compra mais. O comércio vai gerar emprego e vai
encomendar coisa da indústria. A indústria vai gerar emprego e a roda
gigante da economia começa a girar. Até os mais ricos ganham com o
aumento do salário mínimo”, afirmou.
Na ocasião, o presidente da CUT, Sérgio Nobre, afirmou que o Roberto
Campos Neto, do Banco Central, está “boicotando” o governo Lula. Já o
presidente da CTB, Adilson Araújo, pontuou que Neto é responsável pela
taxa de juros mais alta do mundo que faz com que tanta gente esteja
pedindo comida nas ruas do Brasil.

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