Justiça considera juiz parcial e anula processos contra Cristina Kirchner

Segundo a Câmara de Cassação Penal do país, o juiz Claudio Bonadio
violou garantias básicas do ordenamento jurídico. Falecido em 2020,
Bonadio chegou a se encontrar com Moro.

Reprodução
A Justiça argentina anulou, nesta terça (13), uma causa contra a vice-
presidente Cristina Kirchner. Ela era investigada por suposto uso
irregular da frota de aviões presidenciais durante seus mandatos, entre
2007 e 2015.
A Câmara Federal de Cassação Penal considerou o juiz do caso, Claudio
Bonadio, falecido em 2020, parcial, uma vez que ele próprio havia sido o
denunciante. Bonadio havia aberto o processo afim de apurar se as
aeronaves da Casa Rosada foram utilizadas para transportar móveis
residenciais e documentos pessoais para as propriedades da líder
peronista, na Patagônia.

Na resolução, a Câmara questionou a atuação de Bonadio, que havia
exercido o papel de denunciante no caso e depois, por meio de sorteio,
havia sido escolhido para ser o juiz de instrução.
Por isso, a corte assegurou se tratar de uma violação do direito de ser
julgado por um magistrado imparcial.
“Em virtude da violação de uma garantia básica que afeta o ordenamento
jurídico, deve ser derrubada com a sanção de nulidade de tudo o que foi
feito pelo juiz denunciante e ao mesmo tempo que investiga o caso”,
disse o juiz Alejandro Slokar ao declarar a nulidade dos trabalhos de
Bonadio.
A decisão impacta outros processos em que o falecido juiz atuou contra a
ex-presidente da Argentina.
O juiz imparcial
O juiz Claudio Bonadio faleceu em decorrência de complicações
causadas por um tumor no cérebro, em 2020. Bonadio foi responsável
por alguns processos movidos contra a ex-presidente Cristina Kirchner e
altos funcionários do período em que a peronista ocupou a presidência,
de 2007 a 2015.
O juiz colecionou polêmicas durante sua carreira na Justiça argentina.
Conhecido como “o Áspero”, foi responsável por comandar a maior
investigação de corrupção já realizada no país, considerada por muitos
como uma Lava-Jato local.
Durante seus 26 anos de magistratura, Bonadio usou e abusou do
lawfare jurídico, protagonizando diversos enfrentamentos com a atual
vice-presidente do país nos últimos anos. Certa vez, chegou a convocá-
la para depor sete vezes em um único dia.
Sozinho, emitiu nove ordens de prisão preventiva contra Kirchner, além
de perseguir judicialmente os filhos da ex-presidente, Maximo e
Florencia.
Em setembro de 2001, em outro caso esdrúxulo, Bonadio matou um
assaltante durante uma tentativa de roubo na região metropolitana de
Buenos Aires. Em 2017, o então juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba,
Sergio Moro, chegou a se encontrar com o juiz argentino.
Na ocasião, comentava-se na capital argentina que Bonadio admirava o
trabalho do brasileiro e incentivava a colaboração entre os dois países.
Em 2021, assim como seu homologo argentino, Moro foi considerado
imparcial nos casos do presidente Lula.

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