Liberar FGTS reflete falta de rumo do governo, avalia oposição

Os partidos da oposição e mais alinhados com a defesa dos direitos dos
trabalhadores avaliam que a intenção do governo Bolsonaro de repetir a medida
adotada por Michel Temer em 2017 e liberar para saque recursos do Fundo de
Garantia por Tempo de Serviço, o FGTS, é uma demonstração da falta de
programa de desenvolvimento econômico para o país.
“É uma peça mais de propaganda do que uma medida econômica para valer, para
ser anunciada nos 200 dias do governo Bolsonaro e não resolve o problema do
desemprego ou da alavancagem da economia”, avalia Ivan Valente, líder do PSol
na Câmara, segundo o site Congresso em foco.
O deputado comenta que a medida deve atrair as pessoas e assim servir para
afastar as atenções para o fato de que a reforma da previdência não irá mudar a
vida dos trabalhadores nem em curto e nem em médio prazo.
“Os recursos fazem parte de um programa de investimento, mas como isso é uma
coisa que fica ofuscada neste momento, ou seja, não há plano de gerar empregos
no Brasil em médio prazo, teoricamente seria mais benéfico resguardar o dinheiro
para investimento, que gera emprego e atende à moradia minimamente digna”,
menciona o parlamentar.
Desde maio, o ministro da Economia, Paulo Guedes, já havia declarado que
estudava uma nova liberação dos recursos de contas ativas do FGTS para saque
como forma de injetar recursos e movimentar a economia depois que a reforma
da previdência fosse aprovada.
O tema voltou à tona nesta semana e a expectativa é que o Palácio do Planalto
anuncie o pacote nesta quinta-feira (18), em comemoração aos 200 dias do
governo Jair Bolsonaro. Mas a proposta não está totalmente formatada, o que
poderá gerar um atraso.
Os deputados também concordam que a medida divide opiniões, pois pode aliviar
em curto prazo a situação de endividamento da população.
Daniel Almeida e Enio Verre
“Tem um aspecto positivo que é a liberação de recursos que podem estimular o
consumo, mas o aspecto preocupante é a redução dos recursos disponíveis para
setores da habitação e saneamento, que têm carências enormes no Brasil e são
geradores de emprego; eu vejo com preocupação essa ação permanente de
esvaziar recursos do FGTS, são medidas que apenas colocam curativo na ferida,
não curam a doença da falta de desenvolvimento e de geração de empregos”,
argumenta o deputado Daniel Almeida, líder do PCdoB na Câmara.
Vice-líder do PT, o deputado e economista Enio Verre afirma que nas contas de
especialistas e professores da área com quem tem conversado, considerando as
regras de liberação parcial do dinheiro de acordo com faixa renda, que já foram
comentadas pelo governo, o volume a ser colocado em circulação deve ficar em
torno de R$ 35 bi.
“É uma proposta que divide, numa visão de curto prazo, por falta de política
econômica ou qualquer iniciativa que gere emprego e renda, isso ajuda o
brasileiro que está com contas atrasadas e não consegue pagar o aluguel, mas
numa visão correta de economia é uma grande equívoco, porque retira dinheiro
da construção civil, de projetos como o Minha Casa Minha Vida, que tem efeito

multiplicador na economia muito grande, gera emprego, compra de cimento, de
cano, de ferro, ou seja, vários setores que poderiam gerar renda, isso é muito
ruim para o Brasil”, comenta o Enio Verre.

Fonte: Portal Vermelho

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