Lula anuncia plano para retomar aliança estratégica com a Argentina

Terceiro maior parceiro comercial do Brasil, Argentina vive crise
econômica severa com a inflação anual superando os 100%.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu, nesta segunda (26),
com o presidente da Argentina, Alberto Fernández. Após o encontro, Lula
disse que os dois países vão elaborar um plano com “quase 100 ações”
para retomar uma “aliança estratégica”.
Com o plano, o governo brasileiro busca socorrer a economia argentina,
terceiro maior parceiro comercial e responsável pelo superavit de US$
2,2 bilhões na balança comercial no ano passado. Em 2022, foram US$
15,3 bilhões em exportações para o país vizinho e US$ 13,1 bilhões em
importações de mercadorias argentinas.

Em seu discurso, Lula ressaltou a importação da integração econômica
entre os países. “Nossa integração econômica significa
interdependência. A Argentina é o terceiro destino de nossas
exportações, enquanto o Brasil é o principal mercado para os produtos
argentinos. Nosso intercâmbio comercial pode superar a cifra de 40
bilhões de dólares que atingimos em 2011. Construímos uma relação
baseada na troca de bens de alto valor agregado e na integração
produtiva de nossas economias. Nossos investimentos recíprocos são
responsáveis por quase cem mil empregos”, disse Lula.
A Argentina vive uma crise econômica severa nos últimos anos. A
desvalorização do peso pulveriza o poder de compra dos argentinos,
com a inflação chegando a mais de 100% ao ano. A taxa de pobreza
saltou 15 pontos percentuais em dez anos, levando 19,7 milhões de
argentinos a essa condição social. Já a dívida externa bruta fechou 2022
em US$ 276,7 bilhões.
O receio do governo brasileiro é que o colapso do vizinho possa
contaminar a economia local, dada a importância do comércio bilateral. A
indústria automotiva, um dos setores que mais geram empregos, e o trigo
são dois dos principais negócios entre Brasil e Argentina.

“Estamos trabalhando na criação de uma linha de financiamento
abrangente das exportações brasileiras para a Argentina. Não faz sentido
que o Brasil perca espaço no mercado argentino para outros países
porque esses oferecem crédito, e nós, não. Todo mundo tem a ganhar:
as empresas, os trabalhadores brasileiros e os consumidores
argentinos”, disse Lula.
Segundo o Itamaraty, o convite foi feito no contexto de celebração dos
200 anos das relações diplomáticas entre os países, uma vez que a
Argentina foi o primeiro país a reconhecer a independência do Brasil e,
assim, o primeiro a estabelecer relações diplomáticas.
Para a celebração, se reuniram à agenda os chefes dos poderes, a
presidente do Superior Tribunal Federal (STF), ministra Rosa Weber, e o
presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Discurso na Europa

Na Cúpula sobre Novo Pacto de Financiamento Global, realizada na
França, na semana passada, o presidente brasileiro fez críticas ao Fundo
Monetário Internacional (FMI), no contexto da governança mundial.
“Vamos ter claro que o Banco Mundial deixa muito a desejar naquilo que
o mundo aspira do Banco Mundial. Vamos deixar claro que o FMI deixa
muito a desejar naquilo que as pessoas esperam do FMI”, disse.
Lula citou empréstimos feitos pela Argentina, e disse que o FMI agiu de
forma “irresponsável”, e que essas instituições “não podem continuar”
atuando de “forma equivocada”.
“E muitas vezes os bancos emprestam dinheiro e esse dinheiro
emprestado é o resultado da falência do Estado. É o que estamos vendo
na Argentina hoje, Argentina, da forma mais irresponsável do mundo, o
FMI emprestou 40 bilhões de dólares, 44 bilhões de dólares, para um
senhor que era presidente. Não se sabe o que ele fez com o dinheiro. e a
Argentina hoje está passando uma situação econômica muito difícil,
porque não tem dólar nem para pagar FMI.”

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