Lula defende contribuição sindical definida em assembleia.

Petista disse ser contra cobrança do imposto sindical; ele participou de encontro com dirigentes da CUT em São Paulo

 

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta 2ª feira (4.abr.2022) ser contra a volta do imposto sindical, mas defendeu que seja aprovada uma lei para que os trabalhadores e as assembleias das entidades decidam qual é a contribuição que cada filiado deve pagar. Ele disse ainda que este é o “momento mais grave” para o movimento sindical e que será preciso reconstruí-lo.


Pré-candidato à Presidência da República, Lula participou da reunião da Direção Nacional da CUT (Central Única dos Trabalhadores), em São Paulo. Ele recebeu dos sindicalistas a Plataforma CUT para as Eleições 2022, um conjunto de sugestões e propostas para a campanha petista. Dentre os principais pontos estão a defesa das reformas agrária e trabalhista e da revisão da reforma previdenciária.


“A coisa mais grave, não para o trabalhador, mas para nós foi eles terem acabado com as finanças dos sindicatos”, disse Lula. “Eu não quero mais imposto sindical. Mas o que a gente quer é que seja determinado, por lei, que os trabalhadores e a assembleia livre e soberana decidam qual é a contribuição dos filiados de um sindicato. E as centrais sindicais e as assembleias livre e soberana decidam qual é a contribuição do sindicato para a entidade.”


Durante a fala, Lula lembrou que, quando era presidente, houve uma tentativa de obrigar o Tribunal de Contas da União a fiscalizar os sindicatos. A iniciativa, no entanto, foi barrada pelo ex-presidente.


“Se alguém tentar fazer mutreta, nós mesmos temos que fiscalizar. Sabemos que muito sindicato tem muita coisa errada e sabemos que uma entidade como a CUT não pode permitir isso. Temos que brigar para que as coisas sejam da maior seriedade possível”, disse.


Durante o evento, Lula usou uma jaqueta que ganhou do ex-presidente da Bolívia Evo Morales. No ano passado, o boliviano chegou a elogiar Lula quando ele usou a peça em outra ocasião. “Como te cai bem, irmão, a jaqueta que te presenteei. Definitivamente, é do seu estilo”, escreveu Morales em seu Twitter.


Em seu discurso, o ex-presidente afirmou que o movimento sindical só sofreu derrotas depois do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, em 2016, e viu suas estruturas serem desmontadas.


“Desde o impeachment da presidenta Dilma, os trabalhadores e o movimento sindical tiveram muitas derrotas. Desmonte da Justiça do Trabalho, da Previdência, dos direitos trabalhistas. E os setores conservadores inventaram uma narrativa muito forte para legitimar isso”, disse.


Para o petista, a reação da oposição ao “desmonte” foi “muito pequena” porque o movimento dos governos conservadores foi precedido, de acordo com ele, por uma campanha muito forte de negação de quase tudo o que era bom para a gente”. “Começaram a dizer que os benefícios dos trabalhadores impactavam no Custo Brasil”, afirmou.


O ex-presidente também afirmou que o movimento sindical como um todo seja claro sobre as suas demandas para que a população possa entendê-las. “O movimento sindical tem que dizer qual é o novo que a gente deseja. Como vamos convencer o cara do Uber que ele não é pequeno empreendedor? Que é quase escravo nos tempos modernos porque não tem direito nenhum? Não estamos conseguindo fazer a mobilização que a gente acha que deveria fazer”, disse.


Lula defendeu que o país faça uma contrarreforma trabalhista, mas ressaltou que ela terá de passar pelo Congresso. “Por isso a eleição de deputados e senadores se tornou fundamental. Se a gente não mudar o Congresso, vai ser muito difícil fazer a contrarreforma que precisamos fazer”, disse.


No discurso, Lula voltou a defender o “abrasileiramento” dos preços dos combustíveis, uma de suas principais bandeiras eleitorais, e disse que é preciso discutir a questão ambiental para além da Amazônia, mas levando em conta também as populações que sofrem com falta de saneamento básico.


Eleições

Lula criticou a mídia e disse que, durante as eleições, os jornais não serão imparciais. Para ele, a imprensa quer viabilizar um nome da chamada 3ª via e chamou de “cretinice” as críticas sobre uma polarização entre ele e Bolsonaro. “Sempre que há duas pessoas disputando, há polarização. O PT está polarizando desde que foi criado”, disse.


O petista afirmou que preferiria polarizar “com os tucanos [PSDB]”, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso porque seria uma polarização “mais sensível, mais democrática”. E completou: “Não com o Bolsonaro que é um fascista. Só sabe falar de ódio. Mas é ele que está aí, paciência. É com ele que vamos polarizar”, afirmou.


De acordo com Lula, ele não fará “jogo rasteiro” na campanha eleitoral, mas disse que não está “lutando contra um cara qualquer” nesta eleição. “Ele [Bolsonaro] tem uma turma que envolve muitos milicianos, muita gente de direita, muitos militares aposentados e da ativa. Ele não tem humanismo, não tem solidariedade”, disse.


Para o petista, Bolsonaro tem medo de perder as eleições porque “não sabe o que vai acontecer com ele e seu filho”.

Fonte: Poder360

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