Motociatas de Bolsonaro coincidem com altos gastos no cartão corporativo

O ex-presidente gastou R$ 27,6 milhões entre 2019 e 2022, dos quais R$
1,46 milhão foi pago no Strand Hotel, no Guarujá (SP), onde houve

passeio de moto

Por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI), o governo Lula divulgou
os primeiros dados dos gastos de Bolsonaro com o cartão corporativo da
Presidência que estavam sob sigilo. Prontamente, observar-se a possível

existência de crimes como o uso da máquina pública para benefício
próprio.
O ex-presidente gastou R$ 27,6 milhões entre 2019 e 2022, dos quais R$
1,46 milhão foi pago no Strand Hotel, no Guarujá (SP), e R$ 362 mil em
uma única padaria. O desembolso foi no dia 25 de janeiro de 2020,
quando o presidente promoveu uma motociata na cidade.
São muitos gastos dessa natureza antes da realização dos passeios de
moto, o que pode configurar campanha eleitoral antecipada bancada com
recursos públicos.
É o caso de uma motociata realizada no Rio de Janeiro. De acordo com
o Estadão, que comparou notas fiscais em datas próximas aos passeios,
na véspera do evento (maio de 2021) foram gastos na cidade R$ 33 mil
em uma padaria.
“Já entre os dias 9 e 10 de julho do mesmo ano, na Serra Gaúcha e em
Porto Alegre – onde foi seguido de moto por apoiadores –, foram mais
R$ 166 mil no cartão corporativo, em 46 despesas, concentradas em
hospedagem, alimentação e combustível. Outro caso aconteceu em
Ribeirão Preto (SP), em maio de 2022, onde foi feito pagamento de R$
16 mil em uma padaria”, diz a reportagem.
Outro caso emblemático é do restaurante Sabor de Casa, de Boa Vista
(RR), onde foram pagos em três dias, nos meses de setembro e outubro
de 2021, o total de R$ 152 mil.  Bolsonaro pagou no local R$ 28.500 no
dia 28 de setembro de 2021; R$ 14.250 no dia seguinte; e R$ 109.266
em 26 de outubro, nesta última data realizou na capital uma motociata.
Em três motociatas em Santa Catarina, Bolsonaro gastou R$ 141 mil no
cartão corporativo. Duas delas em Chapecó e Florianópolis, em 2021, e
outra em Joinville, em 2020.

Lanchonete Tony e Thais Ltda, na zona Sul de São Paulo (Foto: Divulgação)
Lanchonete
A Agência Pública fez outro levantamento que chama a atenção. No dia
15 de abril de 2022, o cartão corporativo pagou R$ 62,2 mil em
fornecimento de alimentos na Lanchonete Tony e Thais Ltda, na zona
Sul de São Paulo.
“Ao todo, o cartão corporativo bancou R$ 103 mil em gastos no mesmo
dia da realização da segunda edição da Motociata ‘Acelera para Cristo’,
organizada por Jackson Villar da Silva, já denunciado pela Agência
Pública por incentivar crimes no Telegram durante as eleições do ano
passado”, informou.
Na ocasião, o evento reuniu milhares de participantes em um trajeto
entre a cidade de São Paulo e o município de Americana, a 130 km da
capital. Tarcísio de Freitas (PP), governador eleito de São Paulo estava
no passeio.
“Nem com quatro clones, Bolsonaro conseguiria justificar os gastos com
diárias de hotel e numa mesma lanchonete de São Paulo. Ou os gastos
não existiram, mas foram pagos com recursos públicos, ou alguém fez

por ele. Em qualquer caso, crime”, observou a deputada Jandira Feghali
(PCdoB-RJ).
A deputada Fernanda Melchionna (PSOL-RS) diz que houve outros
gastos suspeitos relacionados a motociatas. “Com apoio de militares
lotados no governo, Bolsonaro burlou regras e pagou com cartão
corporativo parte da segurança das suas motociatas eleitoreiras e
golpistas. Nosso mandato cobrou várias vezes estes gastos e o Planalto
se recusou a informar. O corrupto tem que pagar!”, diz a parlamentar.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *