Pesquisadores preveem alta reeleição e redução de partidos na Câmara dos Deputados

Conforme previsão, número de partidos representados na Câmara pode cair de 23

para 15

Dois pesquisadores que acompanham as eleições acreditam que a renovação da
Câmara dos Deputados não será alta neste ano. Já as mudanças nas regras
eleitorais podem reduzir os partidos com representação na Câmara, dos atuais 23
para cerca de 15.
Em entrevista ao programa Painel Eletrônico, da Rádio Câmara, o consultor
político Antônio Augusto de Queiroz afirmou que a reeleição será alta porque 88%
dos 513 deputados atuais, ou 446 parlamentares, são candidatos:
“O parlamentar não concorre à reeleição se ele não tiver muita certeza de que
tem grande chance de retornar, em primeiro lugar. O índice de reaproveitamento
dos candidatos à reeleição é superior a 65%. Portanto, dá para antecipar que pelo
menos 290 vão se eleger desses que são candidatos e isso já será um recorde de
reeleição”, disse.
Queiroz avalia que os atuais deputados têm a vantagem de geralmente
receberem mais recursos dos partidos, além de terem a oportunidade de fazer
emendas orçamentárias ligadas aos seus locais de votação.
O cientista político Cristiano Noronha previu um perfil de "centro-direita" para a
Câmara e a redução do número de partidos, em razão da cláusula de
desempenho. Essa cláusula fixa quantidades mínimas de votação para que um
partido tenha acesso aos recursos do Fundos Partidário e ao horário de
propaganda em rádio e TV.
Portanto, após as eleições, alguns partidos podem querer se fundir a outros para
manter os benefícios, como acredita Noronha. “Para o futuro presidente da
República, seja lá quem for, de certa forma, isso tende a facilitar a
governabilidade, já que deve ter menos fragmentação partidária”, acrescentou.
Em relação ao tamanho dos partidos, as bancadas vão depender de novas regras
também para a destinação das sobras de votos. Existe um total fixo de votos para
a eleição de deputados, dependendo do estado. O que sobra vai para os outros do
mesmo partido ou federação; mas somente para aqueles que têm uma
quantidade mínima de votos, como explica o consultor político Antônio Queiroz:
“Pode se repetir um fenômeno que ocorreu com o PSL na eleição passada em
que, em São Paulo, por exemplo, quatro vagas que esse partido tinha direito, ele
não preencheu porque não tinha candidato com 10% do quociente que era a
exigência de então.”
Uma maneira de suavizar as regras é a criação das federações partidárias.
Segundo Antônio Queiroz, se PCdoB, PT e PV não tivessem se tornado uma
federação, eles teriam hoje menos 15 cadeiras com a mesma quantidade de
votos.
Ao eleitor, o cientista político Cristiano Noronha aconselha que busque ativamente
informações sobre os candidatos: “O eleitor tem quase que fazer um trabalho de
garimpo para procurar as informações, aquilo que é verdade e aquilo que tem
informação distorcida. Mas o fato é que, havendo um pouco de interesse,

havendo um pouco de trabalho, o eleitor também pode se informar minimamente
sobre aquele candidato que ele pretende votar.”
Segundo Noronha, a campanha no rádio e na TV tem o seu papel porque permite
que os candidatos falem para um grupo maior do que aqueles que já os seguem
em redes sociais.

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