“Se não tiver acordo, paciência”, diz Lula sobre europeus e Mercosul

Sobre a posição contrária as negociações do presidente da França,
Emmanuel Macron, o brasileiro disse que já era uma opinião

“historicamente conhecida”

Em entrevista neste domingo (3), em Dubai (Emirados Árabes Unidos), o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que os países da América do
Sul não serão os responsáveis pela eventual falta de negociação com a
União Europeia.

O presidente, que participou da conferência do clima da Organização das
Nações Unidas (ONU), a COP 28, falou com jornalistas antes de
embarcar para a Alemanha.
“Se não tiver acordo, paciência. Não foi por falta de vontade. A única
coisa que tem que ficar claro é que não digam mais que é por conta do
Brasil. E que não digam mais que é por conta da América do Sul.
Assumam a responsabilidade de que os países ricos não querem fazer
um acordo na perspectiva de fazer qualquer concessão”, cobrou o
presidente.

Lula acusou os países ricos de “sempre ganhar mais”. “E nós não somos
mais colonizados. Nós somos independentes. E nós queremos ser
tratados apenas com respeito de países independentes, que temos
coisas para vender e as coisas que nós temos para vender tem preço. O
que nós queremos é um certo equilíbrio”, defendeu.
Sobre a posição contrária ao acordo do presidente da França, Emmanuel
Macron, o brasileiro disse que já era uma opinião “historicamente
conhecida”.
“A França sempre foi o país que criou o obstáculo no acordo do Mercosul
com a União Europeia, porque a França tem milhares de pequenos
produtores e eles querem produzir os seus produtos. É isso. Agora, o
que eles não sabem é que nós também temos 4 milhões e 600 mil
pequenas propriedades, até 100 hectares, que produzem quase 90% do
alimento que nós comemos e que são alimento de qualidade e que nós
também queremos vender”, observou.
O presidente disse que os países ricos precisam saber que o país tem
indústria e precisa crescer. “Nós não vamos facilitar as compras
governamentais porque nós queremos que a nossa indústria cresça”,
disse.
“Então a posição do Macron já era conhecida por mim. Ontem, eu fiz
uma reunião com o Macron para tentar mexer com o coração dele. Eu
falei: ‘Macron, quando você voltar para a França, abre o seu coração,
cara. Pensa um pouco na América do Sul, pensa no Mercosul. Nós
somos países pobres, temos países pequenos. Bom, me parece que ele
não pensou. Ele não deu nem tempo pro coração dele, porque ele já foi
comunicar vocês”, disse.
Lula diz que o diálogo vai continuar. “Então, eu acho que nós vamos ter
uma conversa. Eu tive uma grande conversa com a Ursula von der

Leyen, que é a presidenta da Comissão Europeia, e vamos ver como é
que vai acontecer na sexta-feira. Se não der acordo, pelo menos vai ficar
patenteado de quem é a culpa de não ter acordo. Agora, o que a gente
não vai fazer é um acordo para tomar prejuízo”, considerou.
“Eu volto agora para Alemanha, e depois para o Rio de Janeiro, para
reunir o Mercosul, e eu volto muito feliz. Muito feliz porque nós estamos
saindo de um encontro internacional que a cada ano que passa ganha
mais envergadura, ganha mais responsabilidade, e ganha mais
representatividade”, avaliou o presidente.
Fonte: vermelho

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *