Surgem indícios de lavagem de dinheiro e conta de Bolsonaro no exterior

Após depoimentos e confirmações, PF deve pedir quebra de sigilo em
banco nos EUA, que pode ter movimentado dinheiro das joias roubadas

do acervo da Presidência

Celular do ajudante de ordens Mauro Cid revela conversas sobre
movimentação financeira no exterior. Foto: Alan Santos / PR

A Polícia Federal encontrou indícios de que o ex-presidente Jair
Bolsonaro (PL) tem uma conta em um banco localizado no estado norte-
americano da Flórida. Os investigadores já confirmaram a existência de
uma conta ligada a Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência.
As suspeitas surgiram durante análise do material encontrado nos
celulares de Bolsonaro e Mauro Cid, seu ajudante de ordens. Na semana
passada, a TV Globo revelou que a perícia no celular do tenente-
coronel identificou conversas sobre remessas de dinheiro ao exterior.
Em áudio enviado para Marcelo Camara, então assessor de Bolsonaro,
Cid diz: “Tem 25 mil dólares com meu pai. Eu estava vendo o que era
melhor fazer com esse dinheiro, levar em ‘cash’ aí. Meu pai estava
querendo inclusive ir aí falar com o presidente […] E aí ele poderia levar.
Entregaria em mãos. Mas também pode depositar na conta […]. Eu acho
que quanto menos movimentação em conta, melhor né?”
De acordo com a emissora, também há mensagens trocadas entre Cid e
o suposto operador de sua conta nos Estados Unidos. A suspeita é de
que uma conta ligada a Bolsonaro tenha sido criada na BB Americas,
subsidiária internacional do Banco do Brasil, na Flórida,
mesma instituição em que Mauro Cid possui conta.
Investigação da PF também suspeita que a conta do pai de Mauro
Cid, Mauro César Lourena Cid, teria sido usada para recebimento de
valores relativos a vendas de presentes de alto valor de autoridades
árabes.
Cooperação Internacional
Se os investigadores confirmarem a suspeita, a PF pedirá
esclarecimentos aos envolvidos, quando poderá ser solicitado ao
Ministério da Justiça, por meio do Departamento de Recuperação de
Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI), a quebra de sigilo.
Leia também:  PF pede quebra de sigilos de Michelle Bolsonaro para
investigar furto de joias
Se a conta não tiver sido declarada ao fisco no Brasil, a PF inicia uma
investigação sobre possível lavagem de dinheiro. No decorrer deste
processo, o ex-presidente pode ser chamado a se explicar.
Há evidências de que Bolsonaro utilizou-se do Gabinete Adjunto de
Documentação Histórica do Gabinete Pessoal da Presidência da
República para transferir os objetivos para si e também o avião
presidencial para burlar controle de alfândega. A investigação “identificou
que esse modus operandi foi utilizado para retirar do país pelo menos

quatro conjuntos de bens recebidos pelo ex-Presidente da República em
viagens internacionais, na condição de chefe de Estado”, aponta o
relatório.
“As mensagens evidenciam que, além da existência de um esquema de
peculato para desviar ao acervo privado do ex-Presidente da República,
Jair Bolsonaro, os presentes de alto valor recebidos de autoridades
estrangeiras, para posterior venda e enriquecimento ilícito do ex-
Presidente, Marcelo Camara e Mauro Cid tinham plena ciência das
restrições legais da venda dos bens no exterior”, acrescenta relatório da
PF.
Vacinação falsificada
Bolsonaro deve prestar depoimento à PF nesta terça-feira (16) no
inquérito que mira o esquema de falsificação de dados sobre vacinação.
Ele foi intimado a depor na semana passada, durante o cumprimento dos
mandados de busca e apreensão em sua residência em Brasília. Mauro
Cid será chamado para depor na quinta feira (18) e a mulher dele,
Gabriela Santiago Ribeiro Cid, na sexta feira (19).
Cid foi preso na semana retrasada durante uma operação da Polícia
Federal contra supostas adulterações em carteiras de vacinação,
incluindo a do ex-presidente. Agentes também apreenderam 35 mil
dólares e 16 mil reais em dinheiro vivo na casa do militar, em Brasília. A
acusação é de que ele faz parte de uma organização criminosa que
fraudava certificados de imunização para driblar legislações do Brasil e
dos Estados Unidos.
Fonte: Vermelho

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