5ª Conferência de Ciência e Tecnologia será realizada em junho, após 14 anos

Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação começa a mobilização para
as conferências estaduais que ocorrem entre fevereiro e março para

garantir ampla diversidade no evento nacional.

Brasília se prepara para sediar a 5ª Conferência Nacional de Ciência,
Tecnologia e Inovação (5ª CNCTI), um evento que marca o retorno
desse importante fórum, após 14 anos de sua última edição, realizada
em 2010. Em entrevista ao Portal Vermelho, Elisangela Lizardo, chefe
da Assessoria de Participação Social e Diversidade do Ministério de
Ciência, Tecnologia e Inovação, revelou os detalhes e a importância
desse encontro que ocorrerá de 4 a 6 de junho na capital brasileira.

Com o tema “Ciência, Tecnologia e Inovação para um Brasil Justo,
Sustentável e Desenvolvido”, a 5ª CNCTI se destaca como um marco
relevante em um contexto de retomada da democracia participativa e
fortalecimento da participação social, alinhado com os objetivos do
governo federal. “O evento tem como objetivo central acolher propostas
provenientes de diversos setores da sociedade, incluindo a sociedade
científica, poder legislativo, judiciário, instituições de inovação
tecnológica, universidades, escolas, movimentos sociais e trabalhadores
da área de ciência e tecnologia”, ressalta Elisangela.
A conferência assume um papel crucial ao ouvir e acolher propostas que
poderão subsidiar a elaboração da Estratégia Nacional de Ciência,
Tecnologia e Inovação (ENCTI), divulgada em portaria no ano anterior.
Essa estratégia, fundamentada em quatro eixos centrais, serve como
base para a criação do Plano Nacional de Ciência e Tecnologia,
destacando-se como um instrumento fundamental para orientar o
desenvolvimento do setor no país. Os eixos centrais buscam envolver a
área acadêmica, a indústrias, as transições energética e digital, saúde,

meio ambiente, clima e inteligência artificial e, finalmente, o eixo
estratégico do desenvolvimento social.
“A importância da 5ª CNCTI também está intrinsecamente ligada à atual
conjuntura, marcada pelo ressurgimento e fortalecimento da ciência
como ferramenta essencial no combate ao negacionismo e a ataques ao
pensamento científico”, salienta ela. A gestora destaca que a conferência
reflete a retomada do processo de participação social, oferecendo um
espaço valioso para o diálogo e a troca de ideias.
Um aspecto inovador desta edição é a inclusão da etapa livre, permitindo
que a sociedade se organize e participe ativamente, expressando suas
perspectivas e propostas. A mobilização para a 5ª CNCTI envolve
conferências estaduais, municipais e regionais, com um calendário que
se estende até o final de abril.
Financiamento e sustentabilidade
O financiamento na ciência e tecnologia será abordado considerando o
Sistema Nacional de Ciência e Tecnologia, um dos eixos da Estratégia
Nacional de Ciência e Tecnologia (ENCT). O Sistema Nacional, que
passou por esforços de fortalecimento desde 2010, agora, em 2024,
recebe uma atenção ainda mais intensa. Elisangela ressaltou a
importância de estruturar esse financiamento, envolvendo a Secretaria
de Ciência e Tecnologia em todos os estados e as fundações de amparo
à pesquisa.
“O objetivo é que cada ente federativo possa destinar uma parte do seu
orçamento para o financiamento da Ciência, Tecnologia e Inovação,
buscando inspiração em iniciativas bem-sucedidas, como o caso de São
Paulo”, diz ela, citando o exemplo paulista como um dos mais
significativos, destinando 2% do PIB para a Fundação de Amparo à
Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). A discussão sobre o
financiamento gira, portanto, em torno da conscientização da importância
de investir em ciência e tecnologia para o desenvolvimento do país.
A gestão atual, de acordo com Elisangela, sob a liderança da ministra
Luciana Santos e com o empenho do presidente Lula, celebrou uma
grande conquista: o descontingenciamento dos recursos do Fundo
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT).
Elisangela destaca que todos os esforços da gestão visam discutir, junto
com todos os estados do país, a conscientização sobre a importância do
financiamento para o avanço da ciência e tecnologia.
A 5ª CNCTI surge como uma oportunidade única para reunir
especialistas, gestores, representantes de instituições e a sociedade em
geral para discutir não apenas o financiamento, mas também a

sustentabilidade, e a justiça social, consolidando estratégias que
impulsionem o país para o futuro por meio da inovação e
desenvolvimento científico.
O mote da 5ª CNCTI é “Ciência, Tecnologia e Inovação para um Brasil
Justo, Sustentável e Desenvolvido”. Isso destaca um compromisso
renovado com a ciência voltada para o desenvolvimento social, em prol
de uma democracia mais justa e inclusiva. “A ênfase recai sobre a
necessidade de atender às demandas da maioria da população, sem
negligenciar a importância estratégica de projetos ligados à defesa,
soberania e meio ambiente”, salienta.
Os avanços no debate
A 5ª CNCTI não apenas marca a retomada desse importante espaço de
diálogo, mas também reflete os desafios e transformações enfrentados
desde a última edição ocorrida em 2010. A comparação com a última
conferência é inevitável, considerando os 14 anos que se passaram
desde então. “Nesse período, o Brasil enfrentou um golpe, passou por
um período de governo conservador e testemunhou ataques à ciência,
culminando em um desmonte da estrutura de ciência e tecnologia no
país. No entanto, mesmo diante desses desafios, a nova conferência
será marcada por um clima democrático e participativo”, observa
Elisangela.
A 5ª CNCTI, portanto, herda a essência propositiva da conferência
anterior, mantendo a lógica de ouvir não apenas a comunidade científica,
mas toda a sociedade. O evento busca refletir sobre os rumos da ciência
no Brasil, considerando os planos estratégicos e projetos associados à
última conferência. Elisangela destaca que, apesar dos desafios
enfrentados nos últimos anos, a atual conferência mantém um olhar
estratégico para projetos de defesa, soberania, meio ambiente e,
principalmente, o desenvolvimento da inovação no país.
Resiliência em meio ao negacionismo
A Conferência traz à tona a importância de promover o diálogo e
fortalecer a ciência em um contexto marcado por desafios, incluindo
períodos de negacionismo. A gestora da assessoria do MCTI
compartilhou perspectivas sobre como o atual cenário pode influenciar o
debate regional durante a conferência.
Questionada sobre o impacto do período de negacionismo nos últimos
anos, Elisangela ressaltou os esforços significativos do atual governo,
liderado pelo presidente Lula e com a gestão da ministra Luciana Santos,
na retomada e valorização da ciência em todos os ambientes. Ela
destacou o empenho para garantir um financiamento adequado, a

alocação de recursos e o descontingenciamento da gestão dos recursos
da FNDCT, potencializando apoios para diversas instituições e para o
desenvolvimento estratégico do governo federal.
“Apesar do pensamento negacionista que ainda persiste na sociedade
brasileira, todos os esforços da atual gestão estão alinhados no sentido
oposto a esse projeto. A expectativa é que as diversas etapas da
conferência, como estaduais, municipais, livres e regionais, sejam
conduzidas por aqueles que têm uma preocupação e responsabilidade
com o desenvolvimento da ciência”, afirma.
“A nossa temática, a nossa ação é pelo positivo. É buscar dialogar com
aqueles que querem dialogar”, destaca Elisangela, ressaltando que as
conferências estaduais vão ter a sua grande realização entre final de
fevereiro e final de março. Ela ressalta que as etapas que já ocorreram,
como a conferência estadual de Pernambuco e as conferências
temáticas em andamento, têm sido marcadas por um clima muito
positivo. Esse ambiente reflete a retomada de um projeto de
desenvolvimento que valoriza a ciência, tecnologia e inovação.
Participação e representatividade
Elisangela compartilhou detalhes sobre os esforços realizados para
garantir uma participação forte e representativa de diversos setores da
sociedade durante o evento marcado para junho.
Ela destaca a presença de uma Comissão Organizadora Nacional atenta
e engajada, composta por 53 instituições representativas de diferentes
esferas da sociedade. Entre essas instituições, incluem-se órgãos do
Poder Público, representantes do Legislativo e Judiciário, a Câmara de
Ciência e Tecnologia, entidades da comunidade científica como a SBPC
(Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) e a ABC (Academia
Brasileira de Ciências), além de centrais sindicais, Fóruns de Servidores
do Ministério, a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições
Federais de Ensino Superior (Andifes), Movimento Estudantil, União
Nacional dos Estudantes (UNE) e Associação Nacional de Pós-
Graduandos (ANPG).
O grande esforço da Comissão Organizadora Nacional concentra-se na
divulgação, mobilização e articulação de todos esses setores para
garantir a participação ativa no debate sobre a Conferência de Ciência e
Tecnologia. “A ministra tem desempenhado um papel crucial ao realizar
reuniões institucionais não apenas com outros ministérios, mas também
com diversas instituições, convocando e convidando todos a participar da
conferência”, conta ela.

Além disso, a divulgação e mobilização também se estendem às redes
sociais e contatos institucionais, buscando alcançar um público mais
amplo e diversificado. “A abordagem adotada envolve um convite aberto
a todos os interessados em contribuir para as discussões e propostas
que visam fortalecer a ciência, tecnologia e inovação no contexto
brasileiro”.
Assim, a 5ª CNCTI se configura não apenas como um espaço de diálogo,
mas como uma plataforma inclusiva que busca amplificar as vozes e
perspectivas de diferentes segmentos da sociedade. A diversidade
representativa na Comissão Organizadora Nacional é um reflexo do
comprometimento em garantir que a conferência seja verdadeiramente
um reflexo das pluralidades que compõem a sociedade brasileira.
Com um clima de expectativa e engajamento, a 5ª Conferência Nacional
de Ciência, Tecnologia e Inovação promete ser um ponto de
convergência para ideias inovadoras, propostas transformadoras e o
fortalecimento do papel estratégico da ciência e tecnologia no
desenvolvimento sustentável do Brasil. O evento representa não apenas
um marco histórico, mas também um passo significativo na promoção da
participação social e no avanço do conhecimento científico no país.
Fonte: Vermelho

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