Em greve, trabalhadores de São Paulo protestam contra privatizações

Trabalhadores dos transportes, da educação e do saneamento unificam-
se em greve para alertar a população sobre os riscos da privatização da
Sabesp e do transporte sobre trilhos, e pressionar o governador

Na véspera de uma grande greve em São Paulo, em protesto pela
tentativa de privatização da Sabesp e dos serviços de transporte coletivo,
ocorreu uma audiência pública na Câmara Municipal de São Paulo,
convocada pela Câmara dos Deputados, sobre os impactos da
privatização da Sabesp. Na ocasião, o Portal Vermelho ouvir diversas
lideranças mobilizadoras da greve, que ressaltaram a necessidade de
conscientizar a população sobre os riscos da venda destas empresas
estatais, assim como pressionar o governador Tarcísio de Freitas
(Republicano).

Em entrevista ao Portal Vermelho, Diego Pereira, diretor da Fenametro
(Federação Nacional dos Metroviários), representante de São Paulo,
demonstrou a mobilização intensa dos trabalhadores do transporte
público contra as privatizações e os aumentos nas tarifas. A paralisação
unificada ganhou reforço com aprovação para um novo dia de protestos,
marcado para este dia 28 de novembro, destacando uma luta que
transcende o âmbito corporativo.

O foco principal da mobilização é a resistência às privatizações, com
Diego ressaltando que esta não é apenas uma batalha pelos empregos
dos metroviários, mas uma defesa dos interesses da população. “As
linhas da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos),
recentemente privatizadas, são exemplo dos problemas enfrentados
quando a gestão é transferida para o setor privado. A Via Mobilidade é
notoriamente propensa a falhas na cidade de São Paulo, e a intenção é
evitar que situações semelhantes afetem todo o sistema de metrô”,
afirmou.
Outro ponto crucial é a questão tarifária. O sindicalista destaca a
discrepância entre as tarifas do metrô público e privado, evidenciando
que, embora o usuário pague R$ 4,40 na catraca, o Estado desembolsa
R$ 6,72 para as empresas privadas. “Esta disparidade financeira levanta
questionamentos sobre a distribuição de recursos e a sustentabilidade do
sistema público”, diz ele.
Ele ressalta que a paralisação tem como objetivo provocar uma reflexão
por parte do governo estadual e conscientizar a população sobre as
consequências das privatizações. Ele aponta para o sucesso do
plebiscito realizado recentemente, onde diversas categorias votaram
massivamente contra as privatizações. “É importante levar o debate para
a sociedade, possibilitando que o povo paulista decida o futuro das
empresas públicas por meio de um plebiscito oficial”, afirma ele.
Diego Pereira conclui desafiando o governador a ouvir diretamente a
população, propondo um plebiscito oficial para que os paulistas
expressem suas opiniões sobre as privatizações. “A mobilização não
apenas busca a atenção do governo, mas também visa empoderar a
sociedade na tomada de decisões que afetam diretamente a qualidade
do transporte público e o destino das empresas estatais”.

O presidente do Sintaema (Sindicato dos Trabalhadores em Água,
Esgoto e Meio Ambiente do Estado de São Paulo), José Faggian,
também falou ao Vermelho destacando a grande expectativa em torno
da greve geral marcada para esta terça-feira (28). A mobilização envolve
diversos setores, desde professores municipais e estaduais até
trabalhadores do metrô, todos unificados em uma pauta central: a
resistência contra o avanço do processo de privatização.
Faggian ressaltou que a greve geral representa uma união significativa,
reunindo profissionais de diferentes categorias, incluindo professores
municipais, estaduais, Metrô e CPTM. “O foco comum é a oposição à
privatização em curso e o projeto mais amplo defendido pelo governador
Tarcísio”, disse.
O sindicalista destacou a importância de realizar um grande movimento
na cidade e no estado de São Paulo durante a greve, culminando em um
ato expressivo na Assembleia Legislativa do Estado (Alesp). “O objetivo

não se restringe apenas a alertar para a privatização da Sabesp, mas
também para o projeto mais amplo de privatização que o governador
Tarcísio tem planejado para o estado”, ressalta.
Faggian salientou que o debate precisa ser aprofundado e que é
fundamental criar elementos políticos que possam impedir o avanço do
processo de privatização. Atualmente, o projeto encontra apoio na Alesp,
onde o governador possui maioria, mas o sindicalista aponta para a
importância dos municípios nesse contexto.
“A mobilização, além de buscar atenção para as questões centrais em
torno da privatização, visa fortalecer o debate público e político sobre os
impactos que esse processo pode ter não apenas nos setores
diretamente afetados, mas também na população como um todo”,
observa. Faggian sinaliza a determinação dos trabalhadores em resistir e
criar uma frente unificada contra a privatização em São Paulo.
Sucateamento do Metrô

Ricardo Senese,

Fenametro

Ao final da audiência pública, Ricardo Senese, liderança da Federação
Nacional de Metroviários, fez um discurso contundente, expressando
solidariedade aos companheiros demitidos recentemente e reforçando a
união das categorias em prol da resistência.
Senese destacou a luta persistente contra as privatizações, lembrando
de momentos anteriores de mobilização, incluindo uma ocupação
realizada em 2017 contra os avanços privatizantes da Prefeitura. Ele
ressaltou a importância de manter a corrente de resistência ativa para
fortalecer os serviços públicos.
O representante sindical mencionou a difícil situação enfrentada pela
categoria metroviária, evidenciando a precarização do trabalho ao longo
do tempo. Ele apontou para a sobrecarga de trabalho e a falta de
funcionários, citando casos específicos na Estação Barra Funda, onde o
número de funcionários reduziu drasticamente desde 2010.
O cerne da denúncia de Senese é a terceirização e precarização do
trabalho, que, segundo ele, resultam em serviços sobrecarregados e
arriscam a segurança dos passageiros. Ele enfatizou a urgência de
realizar concursos públicos para repor quadros e melhorar as condições
de trabalho.
Um ponto de grande impacto na categoria foi a comparação entre a
arrecadação das vias privadas e das empresas públicas. Senese citou
uma denúncia feita pelo Portal UOL, revelando que a Via Mobilidade,
empresa privada, arrecadou significativamente mais do que as empresas
públicas, enquanto transportava uma quantidade menor de passageiros.
Esse dado fortalece a argumentação contra as privatizações.
A greve planejada foi destacada como uma ação não apenas contra as
privatizações, mas também a favor de concursos públicos, representando
uma resistência coletiva para melhorar as condições de trabalho e
garantir a qualidade dos serviços prestados à população.
Senese encerrou o discurso criticando as declarações do governador
Tarcísio e reafirmando a determinação da categoria em cumprir 100% da
decisão da greve, independentemente de ameaças. Ele ressaltou que a
união da categoria é fundamental para enfrentar os desafios e pressões
do governo estadual.
Fonte: Vermelho

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