Erro no salário mínimo pode ser fatal

Paulo Guedes pode ter dado o golpe de misericórdia em Bolsonaro. Sua ideia de
não garantir reposição inflacionária ao Salário Mínimo é muito grave, porque
implica também alterar a Constituição.
O Salário Mínimo, diretamente, remunera cerca de 35 milhões de brasileiros da
ativa, aposentados ou pensionistas.
O Mínimo, também, pauta Pisos salariais de categorias menos organizadas. Os
aumentos reais nos governos Lula e Dilma (acima de 70%) ajudaram a elevar
Pisos de categorias com menor poder de negociação. Portanto, o aumento do
Salário Mínimo beneficia, direta ou indiretamente, mais de 40 milhões de pessoas.
Ao exibir sua soberba tecnocrática, Guedes colocou o Salário Mínimo no centro da
disputa eleitoral. A reação do Sindicato Nacional dos Aposentados foi imediata.
Em seguida, dirigentes da ativa passaram a denunciar o arrocho futuro.
A campanha de Lula fica com a faca e o queijo na mão. Se tiver habilidade e
agilidade na comunicação, massifica a questão e põe Bolsonaro nas cordas.
Mais que a questão da garotas venezuelanas, mais que a patifaria em Aparecida
do Norte, o que pode nocautear o capitão é a questão do Mínimo.
Desde os anos 30, o Salário Mínimo está no centro da disputa política no Brasil.
Um dos motivos do ódio da elite a Getúlio é justamente a criação do Mínimo –
aliás, a grande greve de 1917 em SP também girou um torno de um salário
mínimo.
Na memória nacional, o Mínimo tem um forte valor simbólico. Na prática, ele
significa comida na mesa dos pobres. Portanto, Guedes, com sua desumanidade,
agride o simbólico e o factual.
Cabe a nós, do campo democrático e progressista, martelar essa questão do
Mínimo e não cair em manobras diversionistas de Bolsonaro – o homem que
negou a vacina é o mesmo que quer oficializar a fome no Brasil!

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