Greve da Educação pede revogação do novo ensino médio.

Movimento também se manifestou, nesta quarta (26), por respeito ao
piso salarial do magistério e contra a violência nas escolas.

Mobilizações de estudantes e professores pela revogação do Novo Ensino
Médio tem sido constantes por todo o país.

Profissionais da educação e estudantes paralisaram atividades nas
capitais e grandes cidades do país, nesta quarta-feira (26), para pedir em
manifestações pelas ruas a revogação do Novo Ensino Médio (NEM), a
valorização da Educação e a paz nas escolas.
Organizado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em
Educação (CNTE), este dia nacional de mobilização integra a 24ª
Semana Nacional em Defesa da Educação Pública. Os atos de maior
destaque pelo país ocorreram na Avenida Paulista, em São Paulo, e na
Candelária, no Rio de Janeiro, entre outras localidades.
O cumprimento da Lei do Piso Nacional do Magistério Público é uma das
reivindicações mais recorrentes, devido a estados e municípios que não
pagam o piso mínimo, apesar de determinação da Lei 11.738/2008. Em
alguns estados, como no Rio Grande do Sul, e no Distrito Federal, os
professores estão sem reajuste há pelo menos oito anos.
Muitas manifestações lembraram as ameaças e ataques a escolas por
alunos violentos. No dia 5, uma creche foi alvo de um ataque
em Blumenau, no Vale do Itajaí, em Santa Catarina. Quatro crianças
foram mortas e cinco ficaram feridas.
O ataque ocorreu menos de dez dias após uma escola em São Paulo ser
alvo de um aluno que matou a professora com golpes de faca e deixou
outras três feridas, além de um estudante. Desde 2011, mais de 10
escolas foram atacadas por criminosos no Brasil.
Reforma do Ensino Médio
No início do mês, o ministro da Educação, Camilo Santana, suspendeu
por 60 dias, a implementação do NEM, reconhecendo a falta de diálogo
com a sociedade para uma reforma tão profunda. De acordo com o
ministério, a suspensão começa a ser contada a partir do término da
consulta pública promovida para a avaliação e a reestruturação da
Política Nacional de Ensino Médio, que ocorre até o início de junho.
A CNTE defende que o Fórum Nacional de Educação, reconstituído pelo
Ministério da Educação (MEC) discuta e apresente uma proposta de
ensino médio. O Fórum é constituído por representantes de diversos
setores.
De acordo com a secretária de Assuntos Educacionais da CNTE, Guelda
Andrade, o NEM representa um ataque ao futuro do país. Isso porque
impõe um modelo educacional incapaz de “preparar os estudantes para
uma vida digna”.

Os itinerários formativos do NEM acabam privilegiando disciplinas
técnicas que foram trabalhadores jovens de baixa qualificação, enquanto
abandonam disciplinas críticas necessárias ao ensino superior. Em
estados com educação já precarizada, isso aprofunda a falta de acessos
dos estudantes a educação e vira desculpa para não oferecer disciplinas.
O NEM também aprofunda a exploração dos professores, obrigando-os a
dar aulas de “disciplinas” eletivas anti-científicas e fora de sua área de
formação. Tudo isso tem causado enorme confusão na organização das
escolas públicas, gerando revolta dos estudantes, que ficam
completamente desamparados e despreparados para um vestibular ou
Exame Nacional.
“Esse ato é a expressão da nossa luta pela revogação da reforma do
ensino médio, é a expressão da nossa luta por condições de trabalho,
contra a superlotação de salas de aulas e fechamento das mesmas”,
destacou a presidente da Apeoesp e deputada estadual, a professora
Maria Izabel Azevedo Noronha, conhecida como Bebel.
“A suspensão para mim é um sinal de revogação, porque no lugar vai ter
que colocar alguma coisa. E nós estamos construindo propostas para
isso. Acho que agora é aproveitar esse momento e colocar as nossas
propostas”, acrescentou.
A presidente da União Brasileira de Estudantes Secundaristas (Ubes),
Jade Beatriz, avaliou de forma positiva a suspensão, mas ressaltou que o
prazo é insuficiente para discutir o novo ensino médio. “A gente entende
que o que era antes [da reforma, definido pela Portaria 521, de 2021] já
não nos serve também. O modelo de educação brasileira, de escola
pública, ainda é o mesmo de 100 anos atrás. Nós precisamos apresentar
um projeto que faça sentido, que seja construído por estudantes, por
professores, por quem está diariamente dentro da escola pública”, disse.
“Mas o prazo da suspensão não é suficiente para poder falar sobre todos
os problemas que a reforma do ensino médio tem, todos os problemas
que ela acaba agravando, como desigualdade social, evasão escolar e a
dificuldade de ingressar na universidade por conta do ENEM [Exame
Nacional de Ensino Médio]”, acrescentou Beatriz.

Ato na Avenida Paulista neste 26 de abril
Saiba como foram as manifestações pelos Estados, segundo
levantamento da CNTE:
ALAGOAS
Em MaceIó, o ato se concentrou na porta do Palácio do Governo, onde
os manifestantes protestaram contra a situação atual da carreira.
Trabalhadores/as das cidades de Arapiraca, Palmeira dos Anjos e
Delmiro Gouveia também participaram dos atos.
DISTRITO FEDERAL

Em assembleia realizada na manhã de hoje, a categoria do magistério do
DF aprovou greve, que será iniciada em 4 de maio. Ao final da
assembleia, os participantes saíram em caminhada pelo Eixo
Monumental até o Palácio do Buriti. Os trabalhadores estão sob arrocho
salarial há oito anos.
ESPÍRITO SANTO

O governador do Estado, Renato Casagrande, e o deputado estadual
Joao Coser (PT) receberam a diretoria do SindiUpes para ouvir as
reivindicações da categoria. Mais de cinco mil apoiadores ocuparam as
ruas de Vitória. Com faixas, cartazes e bandeiras, uma multidão foi à
Praça do Papa, na Enseada do Suá.
GOIÁS
Trabalhadores/as caminharam até o Palácio Pedro Ludovico, em
Goiânia, onde foram recebidos pelo chefe de Gabinete da vice-
governadoria, Pedro Chaves. Eles entregam um documento solicitando
respeito às pautas pautas da Educação.
MATO GROSSO

Pelo menos mil pessoas se concentraram em frente à Assembleia
Legislativa do Estado, em Cuiabá. O ato foi convocado pelo Sindicato
dos Trabalhadores do Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT), com
o apoio do movimento estudantil da Baixada Cuiabana.
MATO GROSSO DO SUL

Mais de 3 mil profissionais da Educação aderiram à greve nacional, de
acordo com a Federação dos Trabalhadores em Educação do Mato
Grosso do Sul (Fetems). Os professores de Campo Grande exigiam seu
reajuste salarial, a melhoria do Plano de Cargos, Carreiras e
Remuneração (PCCR), novos concursos públicos para professores e
gestão democrática nas escolas. Particularmente para os professores
que realizam 20h da carga horária, a defasagem do seu piso salarial já
alcança quase 90%.
MINAS GERAIS
Pela manhã, a coordenadora geral do Sindi-UTE/MG, Denise Romano,
participou de uma audiência na Assembleia Legislativa do Estado, que
teve como pauta o pagamento do Piso Salarial Salarial. À tarde, a
categoria se reuniu no pátio da Assembleia para um ato público com a

participação de caravanas de trabalhadores/as em educação de todas as
regiões do estado.
PARÁ
Os manifestantes se concentraram na Praça da República, em Belém.
De lá, seguiram para a Assembleia Legislativa do Estado do Pará
(ALEPA), onde o Sintepp foi recebido por uma comissão de
parlamentares. Entre as diversas reivindicações apresentadas, o
Sindicato trouxe a necessidade de se abrir um diálogo com a Secretaria
de Estado da Educação.
PARAÍBA

Profissionais em Educação da rede estadual de Ensino de todo estado
da Paraíba aderiram à greve. As maiores manifestações foram nas
cidades de Campina Grande e João Pessoa. O ato público em Campina
Grande foi na Praça da Bandeira. Já em João Pessoa, os
trabalhadores/as fizeram concentração na sede do SINTEP-PB e, em
seguida, saíram em caminhada até a Praça dos Três Poderes, onde está
o Palácio do Governo Estadual. A maioria das escolas aderiram ao
movimento e suas atividades foram paralisadas.

PARANÁ
Em Curitiba e região metropolitana, educadores (as) e estudantes
visitaram escolas e panfletaram. À tarde, houve atos no Terminal
Guadalupe e na Praça Rui Barbosa, centro da Capital. Em Araucária,
professores (as) fizeram passeata em defesa do pagamento do Piso do
Magistério.No interior, dirigentes estaduais também realizaram
panfletagem nas escolas. Além disso, manifestantes
apresentaram cartazes e faixas pela revogação do Novo Ensino Médio.
PERNAMBUCO
O Sintepe realizou panfletagem sobre a importância da educação em
frente à Estação do Metrô do Recife, na área central da capital. Cerca
de 90% da rede estadual de ensino de Pernambuco aderiu à paralisação
nacional. As redes municipais também participam da manifestação.
PIAUÍ
A manifestação do Sinte-PI aconteceu em frente ao Palácio de Karnak,
em Teresina (PI). A professora Paulina Almeida, presidente do Sindicato,
fez o lançamento do Abaixo-Assinado em defesa da educação pública e
valorização dos seus profissionais e divulgou nota pública pela cultura de
paz nas escolas.
RONDÔNIA
Em Porto Velho, a concentração ocorreu na Sede Administrativa do
Sintero e a categoria se reuniu em assembleia para discutir sobre o
andamento das negociações com o Governo do Estado e Municipal.
Também debateu-se sobre o Novo Ensino Médio e o alto índice de
violência nas escolas. Em seguida, os trabalhadores e trabalhadoras em
educação saíram em caminhada pelas principais ruas do centro de Porto
Velho. O movimento foi finalizado em frente ao prédio da Prefeitura do
município. As Regionais do Sintero também aderiram à convocação da
CNTE e organizaram movimentos nos seus respectivos municípios.
RIO DE JANEIRO
Pela manhã, profissionais da rede municipal do Rio de Janeiro (RJ)
realizaram o ato em frente à sede da Prefeitura Municipal. Durante o
protesto, uma comissão de negociação subiu para o andar da Secretaria
Municipal de Educação, no Centro Administrativo São Sebastião, onde
participaram de uma audiência com a assessor do secretário de
Educação Renan Ferreirinha, Willman Costa.
RIO GRANDE DO SUL

Durante a caminhada pelas ruas do centro da capital, os educadores e
estudantes realizaram uma manifestação em frente à Secretaria Estadual
de Educação (Seduc) para exigir a revogação do Novo Ensino Médio
(NEM).
Na cidade de Rio Grande, professores em greve protestaram em frente à
prefeitura. Além do reajuste nacional, eles exigiam o cumprimento da
hora-atividade, o pagamento da reposição salarial anual do funcionalismo
municipal, o chamamento de professores aprovados no último concurso,
a manutenção das turmas de EJA abertas no município e eleições diretas
e democráticas para a escolha das direções das escolas
RIO GRANDE DO NORTE
Os professores do município de Parnamirim realizam greve desde o dia
20, entretanto, na semana do dia 26, as aulas chegaram a ser suspensas
após a adesão ainda maior à greve. De 67, pelo menos 36 escolas já
aderiram à greve, derrotando uma liminar do Tribunal de Justiça do Rio
Grande que declarou ilegal a greve.
Além do reajuste salarial, os professores se unem a demandas da
comunidade escolar e exigem a contratação de auxiliares e apoio para
alunos especiais.
RORAIMA
Contra autorização judicial para calote no reajuste, professores iniciam
greve por tempo indefinido. Na cidade de Rorainopolis, os professores
entraram em greve no dia 24 contra a suspensão do reajuste no
município, após pedido da gestão reacionária de Leandro Pereira da
Silva (Solidariedade) ao Judiciário. Além disso, o prefeito não efetuou o
pagamento das férias de muitos professores.
SÃO PAULO
Professores e estudantes da rede de ensino pública do estado de São
Paulo realizaram uma manifestação reivindicando a implementação do
piso nacional da categoria no estado e a revogação da reforma do ensino
médio. Eles protestaram também contra a superlotação de turmas. O ato
convocado pelo Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado
de São Paulo (Apeoesp) repudiou o fechamento de 147 turmas, que
levam a salas superlotadas de estudantes. O Governo nega o
fechamento das turmas.
No município de Guarulhos, no dia 26, a greve dos professores
municipais completou seu terceiro dia, enfrentando uma liminar anti-
greve expedida no dia 24. No dia 25, haviam ocupado um prédio da

prefeitura de atendimento ao público. Eles exigem reajuste salarial
proporcional ao tempo de carreira.
SERGIPE
Educadores ocuparam as ruas de Aracaju na tarde de quarta-feira (26)
durante a Marcha do Magistério Público Sergipano. A categoria se reuniu
em um ato unificado entre Sindipema e o Sintese.
TOCANTINS
O Sindicato dos Trabalhadores em Educação no Estado do Tocantins
(Sintet) realizou um grande ato público em Palmas e paralisações em
várias outras cidades do estado. Na capital, profissionais das redes
públicas municipal e estadual de Palmas saíram em caminhada na
Avenida JK, onde realizaram protesto em frente à sede da Prefeitura de
Palmas. Cerca de 30 escolas de Palmas aderiram à greve. Os dirigentes
sindicais cobraram a prefeitura para que seja realizado o processo
seletivo para gestão democrática nas escolas, o reajuste do piso do
magistério na carreira e o concurso público para a rede municipal.

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