Lula ignora pressão dos EUA e sinaliza mais parcerias com a Huawei

Segundo a Presidência da República, a gigante chinesa citou “conquistas
em projetos de conectividade digital em zonas remotas da Amazônia e
ações para conectar escolas públicas e interligar setores de segurança”

Alvo de uma campanha de difamação e sabotagem nos Estados Unidos,
a empresa chinesa Huawei, uma das “gigantes” das telecomunicações,
deve ampliar sua participação no Brasil. Nesta quinta-feira (13), como
parte da programação de sua viagem à China, o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva (PT) visitou uma das principais unidades da empresa, em
Xangai, e sinalizou mais parcerias.
“Visitei o centro de desenvolvimento de tecnologias da Huawei. A
empresa fez uma apresentação sobre 5G e soluções em telemedicina,
educação e conectividade”, relatou Lula em suas redes. De acordo com o
presidente, a Huawei – que está presente há 25 anos no Brasil – realiza
“um investimento muito forte em pesquisa e inovação”.
Lula e a comitiva brasileira foram recebidos pelo do CEO da empresa,
Liang Hua, que renovou a disposição de “trabalhar numa perspectiva de
longo prazo para o desenvolvimento sustentável do Brasil”. A Huawei
manifestou interesse em intensificar a parceria com o País, sobretudo
nas áreas de “conectividade, inclusão digital, educação, saúde e
reindustrialização”.
De acordo com a Presidência da República, a gigante chinesa citou
“conquistas em projetos de conectividade digital em zonas remotas da
Amazônia e ações para conectar escolas públicas e interligar setores de
segurança”. Num dos momentos da visita, Lula experimentou um óculos
de realidade virtual.
A Huawei vem sendo atacada pelos Estados Unidos por supostas
denúncias (jamais comprovadas) de espionagem através da rede de
telecomunicações 5G. Considerada uma “ameaça à segurança nacional”
dos Estados Unidos, a empresa sofre restrições nos país e entrou para a
Entity List, uma espécie de “lista negra” das empresas. A Casa Branca
vem pressionando o Brasil e outros países a boicotarem o 5G da Huawei
e planeja banir todas as vendas da gigante chinesa a empresas norte-
americanas.

O presidente Lula durante visita ao Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da
Huawei. Xangai (Foto: Ricardo Stuckert)
Uma vez na China, Lula ignorou as pressões. Pela manhã, ele já havia
criticado a hegemonia do dólar no comércio internacional e as “amarras”
do FMI. Foi durante a cerimônia da posse da ex-presidenta Dilma
Rousseff no Novo Banco de Desenvolvimento, o Banco dos Brics.
No restante da agenda de quinta, Lula também se reuniu com
empresários como Wang Chuanfu, CEO da BYD (veículos elétricos), e
Wang Tongzhou, presidente do Conselho da CCCC (China
Communication Construction Company, de construção civil). A BYD
negocia a instalação de uma montadora em Camaçari, na planta utilizada
até 2021 pela Ford. Já a CCC, conforme o Planalto, propôs a criação de
“mecanismos de troca direta entre o yuan e o real para facilitar
transações financeiras entre os dois países”.

Agora, Lula viaja a Pequim, onde se encontrará, nesta sexta-feira (14),
com o presidente da Assembleia Popular Nacional da China, Zhao Leji; o
primeiro-ministro chinês, Li Qiang; e o presidente Xi Jinping. Ministros,
senadores, deputados, empresários e sindicalistas acompanham o
presidente brasileiro.

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