Número de greves cai no primeiro semestre. Setor público predomina

Segundo o Dieese, defesa de direitos estava em 80% das pautas
Durante o primeiro semestre, o Dieese registrou 558 greves pelo país, com as
chamadas questões de caráter defensivo presentes em 80% dessas paralisações.
São movimentos para manter condições de trabalho ou contra o descumprimento
de direitos. O setor público tem pouco mais de 60% do total.
O número de paralisações acompanhadas pelo instituto foi menor que o de igual
período do ano passado (679), mas fica acima em relação a 2020 (359) e 2021
(376), período marcado pela pandemia. “Apesar de importantes mudanças no
cenário político nacional, o ponto de partida dos protestos dos trabalhadores em
2023 – que foi desenhado em estudos anteriores, como no Balanço das Greves de
2022 – permanece, em grande medida, o mesmo. Isso porque o retorno à greve,
terminada a pandemia de covid-19, não se realizou sem que, antes, rupturas
decisivas tivessem ocorrido no mundo do trabalho”, afirma o Dieese.
Flexibilização forçada
“A flexibilização forçada que a pandemia inaugurou/acentuou em muitas
organizações – e mesmo no conjunto das atividades econômicas – passou a ser
utilizada sistematicamente como um meio eficaz de precarização do trabalho”,
lembra o instituto. “É verdade que essa possibilidade de avanço da precarização
já estava dada antes de 2020, com as mudanças na legislação trabalhista. Mas
ocorre como se, precisamente nas condições de turbulências dos anos recentes,
houvesse sido descoberta uma ocasião oportuna para a realização, em larga
escala, de um experimento de ampliação de terceirizações, de vínculos precários
e de privatizações – tudo alardeado como resultado de simples bom senso pelos
discursos econômicos hegemônicos”, analisa o Dieese em nota.
Assim, das 558 paralisações acompanhadas, 339 (60,8%) foram no setor público,
sendo 323 envolvendo o funcionalismo e 16 em empresas estatais. Outras 209
(37,5%) ocorreram no setor privado, e 10 em ambos. Houve divisão entre greves
“de advertência” (49,5%) e por tempo indeterminado (48,9%). E 319 (57,2%)
foram envolveram categorias profissionais inteiras, enquanto 239 (42,8%)
ocorreram por empresa ou unidade.
Propostas e direitos
Em relação ao caráter do movimento, 446 (79,9%), foram defensivas – ou seja,
por manutenção das condições vigentes ou contra descumprimento de direitos.
Mas 291 (52,2%) foram também propositivas. E 112 (20,1%), de protesto.
Ainda segundo o Dieese, questões salariais, como reajuste (42%) e pagamento
do piso (33%), foram as mais frequentes. Em seguida, vieram condições de
trabalho (22%) e salários atrasados (20%).

Fonte: Rede Brasil Atual

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *