Corregedor eleitoral mantém minuta golpista em ação contra Bolsonaro

Para ministro Benedito Gonçalves, documento que pretendia mudar o resultado
do pleito tem conexão com a fala de Bolsonaro a embaixadores contra o sistema

eleitoral

O corregedor-geral eleitoral, ministro Benedito Gonçalves negou, nesta terça-feira
(7), pedido feito pela defesa de Jair Bolsonaro (PL) para que a minuta golpista
encontrada na casa do ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, fosse retirada da
investigação contra a chapa eleitoral do ex-presidente e seu candidato a vice,
Braga Netto. Com isso, o documento será mantido na ação, que pode tornar
Bolsonaro inelegível.
A minuta foi incluída no mês passado a pedido do PDT, em uma das ações em
que Bolsonaro é acusado de abuso de poder político e uso indevido dos meios de
comunicação durante reunião com embaixadores em julho. Naquela ocasião, o
então presidente voltou a atacar o sistema eleitoral brasileiro, novamente sem
apresentar provas, com transmissão via TV Brasil.
A defesa de Bolsonaro e Braga Netto se manifestou pedindo que o documento —
que propunha instaurar estado de defesa no TSE e mudar o resultado das eleições
— não fosse incluído por ser “apócrifo”. Além disso, argumentaram que o mesmo
não fora encontrado em posse de nenhum dos dois.
Por outro lado, o magistrado sustentou que a minuta golpista “se conecta às
alegações iniciais da parte autora”, uma vez que a fala feita por Bolsonaro aos
embaixadores “era parte da estratégia de campanha consistente em lançar graves
e infundadas suspeitas sobre o sistema eletrônico de votação”.
Na decisão, Gonçalves diz ainda que as eleições de 2022 e seus resultados têm
sido alvo de “insidiosas conspirações”. Ele aponta que as ações devem apurar se
esse “cenário desolador” está relacionado à atuação do ex-presidente.
“Nessa reflexão, cabe constatar, não sem tristeza, que os resultados das eleições
presidenciais de 2022, embora fruto legítimo e autêntico da vontade popular
manifestada nas urnas, se tornaram alvo de ameaças severas. Passado o pleito, a
diplomação e até a posse do novo presidente da República, atos desabridamente
antidemocráticos e insidiosas conspirações tornaram-se episódios corriqueiros”,
escreveu Benedito.
O ministro destacou também que tais iniciativas “são armas lamentáveis do
golpismo dos que se recusam a aceitar a prevalência da soberania popular e que
apostam na ruína das instituições para criar um mundo de caos onde esperam se
impor pela força”, completou.
A decisão do corregedor será submetida ainda à análise do plenário do Tribunal
Superior Eleitoral (TSE), ainda sem data para acontecer.

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